Após chuvas, 120 pessoas são alojadas em escolas de Salvador
Após as fortes chuvas em Salvador este mês, 120 pessoas estão alojadas em escolas da capital, numa ação promovida pela Operação Chuva, mantida de forma interdisciplinar pelas secretarias da Prefeitura. As unidades nas regiões do Lobato, São Caetano, Calabetão, Alto da Terezinha e Novo Marotinho abrigam famílias que vivem em áreas de risco de desabamento e oferecem assistência nutricional, educacional e psicológica.
São 19 pessoas mantidas na Escola Municipal do Calabetão, 11 na Escola Antônio Carlos Guedes/ Vila Picasso, 25 na Escola Santa Terezinha, dez na Escola Municipal Coração de Jesus e mais sete pessoas alocadas na Escola Municipal Novo Marotinho. O maior número (48) está na Escola Eufrosina Miranda, no Lobato: 24 adultos, cinco adolescentes, 16 crianças, dois idosos e uma gestante.
Fernanda Nascimento, grávida de oito meses, teve que abandonar a casa dela — parcialmente condenada. Por conta das chuvas, ela perdeu guarda-roupa, estante e até fraldas descartáveis. “Todo ano é a mesma coisa, a chuva vem e acaba com tudo lá na comunidade. Minha casa ainda não foi oficialmente condenada, mas a gente não pode voltar para lá. Devemos receber o auxílio aluguel [no valor de R$ 300], para alugar uma nova casa, enquanto a situação não é resolvida”, afirmou.
Margarete Moreira também teve que sair às pressas de casa por conta do risco de desabamento de um morro próximo a sua residência, também no Lobato. Ela elogiou a assistência fornecida pelos órgãos municipais e ressaltou o quanto seria perigoso permanecer em sua casa no período de chuva. “Acho que na quinta-feira [amanhã] a gente deve voltar para casa, mas se tiver chovendo, eu não vou sair daqui, não vou arriscar minha vida nem a de meu marido.”
Foto: Paula Fróes/ CORREIO |
A Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) informou que não há uma previsão de até quando essas famílias ficarão nas escolas, já que as áreas de risco são monitoradas diariamente. O retorno só é permitido quando o risco na região é zerado e se não há previsão de mais chuva.
A pasta detalhou o protocolo de alojamento de pessoas que moram em áreas de risco e o auxílio aluguel no valor de 300 reais, para que as pessoas providenciem novas residências. “São seis pontos que estão mobilizados com pessoas que ficaram desalojadas por conta das chuvas em Salvador. Não há uma previsão de até quando essas famílias ficarão lá, já que os territórios de risco que eles deixaram são monitorados diariamente pelos técnicos da Codesal. O retorno só é permitido quando o risco na região é zerado, e, obviamente, não há previsão de chuva. O solo desses locais ainda está molhado por conta das chuvas da semana passada e as desta semana. Isso faz com que o retorno seja adiado”, explicou o órgão.
“A rotina deles é bem tranquila, eles recebem todas as refeições e tem à disposição educadores e psicólogos, que dão todo o suporte necessário nesse momento extremamente complicado que é abandonar sua casa. Ainda tem as outras assistências, como o auxílio aluguel, que é dado para pessoas que tiveram suas casas condenadas. Esse auxílio é dado por tempo indeterminado, até que a pessoa consiga sua própria casa, e se a casa não for totalmente condenada, o auxílio é mantido até que a pessoa se restabeleça sem riscos”, complementa.
Foto: Paula Fróes/ CORREIO |
Subcoordenadora de Ações Comunitárias e Educativas da Codesal, Simone Café ressaltou a importância das ações de alojamento, afirmando que elas são discutidas com antecedência com toda a comunidade para fazê-las da melhor forma possível, com o máximo de eficiência.
“Tudo começou quando nós acionamos nosso sistema de alerta e alarme, que são as sirenes quando a chuva alcança 150 mm mais a previsão de continuidade de chuva. Antes do acionamento, as equipes da Codesal vão para a área. Quando ela é acionada, nós vamos para a casa das pessoas que estão em risco para ajudá-las e guiá-las na evacuação, até porque essas áreas têm acessos e rotas de saída complicadas, elas também são muito escuras”, detalha.
A subcoordenadora também detalhou duas situações que o alojamento salvou vidas. Na última semana, uma família composta por mãe e filha foram acolhidas no abrigo. Pouco tempo depois, a casa delas desabou. Ela também relata que um caso semelhante aconteceu com um senhor portador de doença mental, que teve sua vida salva por estar na escola quando sua casa veio abaixo.
Os bairros com os maiores índices pluviométricos, segundo a Defesa Civil de Salvador (Codesal), são a Base Naval de Aratu, Palestina, São Tomé de Paripe, Mirantes de Periperi e Praia Grande, no Subúrbio.
O mau tempo deverá se manter na capital pelo menos até sábado (24). “Tentamos dar a resposta o mais rápido possível às populações que vivem nas áreas de risco de Salvador, seguindo uma série de protocolos, como a evacuação e o abrigamento, num trabalho interdisciplinar entre secretarias. Infelizmente, nos próximos dias, teremos mais chuva, que irá variar de moderadas a fortes, mas estamos preparados e avaliando as áreas de risco”, afirma o diretor geral da Defesa Civil de Salvador, Sosthenes Macêdo. Só nesta terça-feira (20), o órgão registrou 150 ocorrências.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro
Correio 24hrs