Aumenta o número de crianças entre 10 e 12 anos no tráfico de drogas no Rio
O número de crianças com idade entre 10 e 12 anos que entram para o tráfico de drogas no Rio de Janeiro aumentou em 50% de 2019 a 2021 segundo uma pesquisa da ONG Observatório de Favelas.
Entre os 261 entrevistados no Departamento Geral de Ações Socioducativas (Degase) e em comunidades do Rio, a maioria têm entre 16 e 24 anos, compondo 62,8%, é do sexo masculino (96,2%), e se declara preto e pardo (72%).
Embora não tenham sido ouvidas crianças, os pesquisadores observaram um aumento do ingresso delas no crime com base nas respostas que os entrevistados deram sobre si próprios.
Também foram ouvidos profissionais que atuam em serviços de saúde e policiais.
As principais motivações para fazer parte do tráfico de drogas são “ajudar em casa” e “ganhar muito dinheiro”, mencionadas por 62,1% e 47, 5%, respectivamente. Essas razões também foram citadas para permanecer na atividade criminosa. A dificuldade em se inserir no mercado de trabalho foi mencionada por 11,1% dos entrevistados. Outras apresentadas são “relação com amigos” (15,3,%) e a “adrenalina decorrente da atividade” (14,6%).
O dinheiro que recebem no tráfico é gasto principalmente com necessidades básicas e desejos de consumo imediatos. A pesquisa revela que 77,4% disseram usar os rendimentos com a família, 68,2% com a compra de roupas e 51,7% com atividades de lazer. Por outro lado, 10,3% mencionam utilizar este recurso para a compra de drogas, e apenas 3,8% afirmaram realizar algum tipo de poupança ou investimento.
A publicação indica ainda que 78,2% não frequentam a escola, mas 21,8% disseram continuar estudando. Segundo os pesquisadores, essa distinção acontece principalmente devido à forma como entram no tráfico.