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23 September 2024

Dor na relação sexual? Saiba como a fisioterapia pode ajudar

Sentir dor na relação sexual. Esse tema foi abordado aqui na coluna recentemente e volta à pauta hoje. Nunca é demais que as mulheres se informem sobre qualquer fator que as impeça de exercerem sua sexualidade de forma saudável. E volta pra falarmos da importância da fisioterapia uroginecológica no tratamento desses quadros.

Existem diversos tipos de disfunções sexuais. Além da dispareunia, a dor na relação sexual, milhares de mulheres enfrentam perda gradativa do desejo, diminuição da lubrificação, dificuldade ou impossibilidade de alcançar o orgasmo e até mesmo dificuldade ou impedimento na hora da penetração.

Normalmente, quem sofre de dor na relação sexual ou de outra disfunção “vai levando” a vida como está até chegar a um ponto insuportável. Mantém relações com dor e desconforto e, quanto mais relações tem sentido dor, mais acarreta tensão nos músculos desta região, chamados músculos do assoalho pélvico. E a tensão gerará o quê? Cada vez mais dor! Temos aí a formação de um ciclo vicioso (e muito doloroso!).

É necessário buscar ajuda profissional caso esses sintomas estejam atrapalhando sua vida sexual. Porém temos que reconhecer que poucos profissionais estão preparados para um acolhimento adequado, com tato e sensibilidade. Soma-se a isso o constrangimento das pacientes em abrir sua intimidade e expor as dificuldades que enfrentam.

A escolha de um ginecologista que tenha entendimento nesta área é fundamental, pois ele será capaz de oferecer além de confiança e acolhimento, um bom diagnóstico e uma condução adequada do tratamento. Essas disfunções podem incluir desequilíbrios hormonais, doenças específicas ou síndromes, alterações de cirurgias ginecológicas feitas anteriormente ou uma indicação cirúrgica atual.

E onde a fisioterapia se encaixa nesse universo? Muitas mulheres não tem o conhecimento do que é o assoalho pélvico e da sua função na sexualidade feminina. Estes músculos podem apresentar tensão, perda de força ou não exercer sua função de forma correta. Nestas condições, estão diretamente ligados às disfunções sexuais. Por isso, além da avaliação ginecológica, é fundamental que essas pacientes sejam avaliadas por um fisioterapeuta especialista na área.

— A fisioterapia uroginecológica possui equipamentos de alta tecnologia e outros recursos que permitem identificar e desativar pontos de dor, trabalhar o relaxamento e funcionalidade dessa musculatura. Isto é feito com total respeito aos limites da paciente. Porque ela já enfrenta o sofrimento causado pelo quadro. Além do foco para melhora do problema muscular na região íntima, o tratamento deve resgatar a autoestima e a segurança dessas mulheres. Temos excelentes ferramentas e ótimos resultados para o tratamento de todas as disfunções sexuais — explica a fisioterapeuta Liliana Stüpp, doutora e pós-doutora pelo Departamento de Medicina/Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo.

Quando o quadro tem origem emocional, como traumas, uma educação muito repressora, estresse e depressão, por exemplo, um acompanhamento psicológico associado à atuação conjunta do ginecologista ou do uroginecologista e do fisioterapeuta especialista em uroginecologia forma o time perfeito para o problema ser atacado em sua raiz e para que a sexualidade e a qualidade de vida sejam devolvidas a essas mulheres.

Para que esse resultado seja alcançado, é imprescindível que os profissionais tenham empatia e compreendam as dificuldades e angústias das pacientes.

— Não é fácil para uma mulher reconhecer o problema e lidar com ele. Mais difícil ainda é buscar apoio e expor a intimidade. Além do foco nos músculos do assoalho pélvico, o acolhimento é fundamental para deixar a paciente segura, à vontade e confortável, para que, respeitando o ritmo dela, o tratamento possa ser conduzido com sucesso — finaliza Liliana.