Nos Estados Unidos, nova variante Ômicron já foi confirmada em 15 estados e aumenta demanda por vacinação
WASHINGTON E BRUXELAS — Nos Estados Unidos, muitas clínicas de vacinação e autoridades americanas estão relatando longas filas nos postos de vacinação recentemente, graças à procura tanto pelas doses de reforço quanto aos temores causados pela variante Ômicron. A variante Ômicron do coronavírus foi encontrada em cerca de 15 estados até agora, mas a variante Delta continua a causar a maioria dos casos Covid-19 em todo o país, segundo Rochelle Walensky, diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Pelo menos 15 estados relataram casos de Omicron: Califórnia, Colorado, Connecticut, Havaí, Maryland, Massachusetts, Minnesota, Missouri, Nebraska, Nova Jersey, Nova York, Pensilvânia, Utah, Washington e Wisconsin.
Sabemos que temos várias dezenas de casos e os estamos acompanhando de perto. E estamos ouvindo todos os dias sobre mais e mais casos prováveis, então esse número deve aumentar — disse Rochelle Walensky, à ABC News em uma entrevista.
As tensões no programa de vacinação dos EUA também são agravadas pela ampla escassez de mão de obra que está afetando muitos setores, incluindo a saúde.
— O que o público precisa ter em mente é que temos um sistema de prestação de serviços de saúde estressado e tenso — disse Mitchel Rothholz, líder da política de imunização da Associação Americana de Farmacêuticos.
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A demanda por vacinas disparou de uma média de menos de um milhão de doses por dia durante grande parte de outubro para uma média de 1,5 milhão por dia nas últimas semanas, de acordo com dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças. A demanda por reforços e doses iniciais parece estar impulsionando esse aumento.
Rothholz disse ter notado que as farmácias estão mudando para um modelo baseado em agendamento com o aumento da demanda, semelhante a quando as vacinas foram lançadas pela primeira vez e havia uma multidão para obtê-las. Isso significa que as pessoas que desejam uma vacina podem precisar fazer um planejamento com antecedência e podem ter que esperar mais alguns dias.
O governo Biden está tentando facilitar a vacinação. Ao anunciar ações na quinta-feira para proteção contra Delta e Ômicron, o presidente Biden disse que o governo criaria centenas de clínicas de vacinação familiar, balcões únicos para as primeiras injeções e reforços. Parceiros em um programa federal de farmácias, incluindo grandes redes como CVS e Rite Aid, também disponibilizarão ‘agendamento baseado na família’ nos próximos meses, de acordo com a Casa Branca.
Desde o surgimento da variante Ômicron, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças recomendam que todas as pessoas com 18 anos ou mais recebam uma injeção de reforço, seis meses após ter tomado Pfizer ou Moderna ou dois meses após uma injeção Johnson & Johnson.
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A Dra. Leana Wen, professora de saúde pública da George Washington University, disse que há alguns bolsões no país onde as vacinas estão expirando porque a demanda é baixa e outros onde as filas são mais longas do que um mês atrás por causa da maior demanda.
Mas, disse ela, a demanda provavelmente diminuirá em algumas semanas.
— Sempre que há uma nova recomendação, há os primeiros a adotar que estão extremamente ansiosos para obter esse reforço agora — disse ela, acrescentando que “a oferta e a demanda se equilibrarão em pouco tempo”.
Richard Clark, diretor de gerenciamento de emergência do condado de Bernalillo, que inclui Albuquerque, disse que o condado administrava clínicas de vacinação que atrairiam cerca de 300 ou 400 pessoas por vez. Ele conta que sempre ouvia comentários sobre pessoas que dirigiam de condados a uma hora de distância para tomar a vacina, porque estavam preocupados com os feriados que se aproximavam e as variantes do vírus.
— Decidimos fazer um grande movimento e aplicamos mil doses provavelmente em um dia e meio.
O governador Charlie Baker, de Massachusetts, afirmou esta semana que a demanda por vacinas disparou depois que os reforços se tornaram amplamente disponíveis.
Dez casos de Covid em cruzeiro nos EUA
Dez pessoas foram detectadas com Covid-19 em um cruzeiro com mais de 3,2 mil pessoas que retorna neste domingo à cidade de Nova Orleans, na Louisiana.Os casos foram detectados entre membros da tripulação e também entre os passageiros do navio, que é da Norwegian Cruise Line (NCL). A viagem partiu de Nova Orleans em 28 de novembro e parou em Belize, Honduras e México.
Ainda não foi divulgado se as pesssoas doentes foram infectadas pela nova variante.
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Protestos se alastram na Europa
Na Europa, os protestos contra as restrições impostas para conter a propagação do Covid-19 se alastram por diversos países. Em Frankfurt, na Alemanha, manifestantes foram dispersados ontem pela polícia porque estavam sem máscaras. Em Viena, na Áustria, milhares de pessoas carregaram cartazes contra o lockdown imposto novamente no país, que, em novembro, se tornou o primeiro da Europa Ocidental a reimpor um lockdown e decidir tornar a vacinação obrigatória a partir de fevereiro.
Hoje, na Bélgica, a polícia utilizou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar os manifestantes. Compartilhando atualizações sobre o protesto, o jornalista Justin Stares twittou: ‘A polícia está usando gás lacrimogêneo para limpar ruas perto da Comissão Europeia’, acrescentando: “Agora está bastante caótico”.
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Alguns milhares de manifestantes marcharam pacificamente pelo centro da capital belga até o bairro que abriga a sede das instituições da União Europeia, onde a manifestação chegou ao seu ponto final. No bairro da UE, um grupo de manifestantes vestindo capuzes pretos e gritando “liberdade” começou a atirar pedras na polícia, que reagiu.
“Eu não posso suportar discriminação de qualquer forma, e agora há o passe de vacina que é discriminatório, sanções para não vacinados que são discriminatórias também”, argumentou o professor de artes marciais Alain Sienaort.
O país já fechou boates e exigiu que as pessoas trabalhassem em casa como parte de um esforço para conter novos casos da doença. Bares e restaurantes têm que fechar às 23h. Eventos em ambientes fechados só podem acontecer se as pessoas estiverem sentadas. Reuniões privadas estão proibidas.
Grã-Bretanha: mais restrições depois de 160 casos da nova variante Ômicron
Como o número de casos confirmados da variante do coronavírus Ômicron aumentou para 160 na Grã-Bretanha, o governo anunciou no sábado um aumento nas restrições às viagens para combater sua disseminação.
A partir de terça-feira, os viajantes serão obrigados a fazer um teste de coronavírus dentro de 48 horas de viagem para a Grã-Bretanha, independentemente de seu status de vacinação. A Grã-Bretanha também imporá restrições aos viajantes da Nigéria, porque o país detectou a variante em três viajantes que chegaram da África do Sul em novembro, de acordo com o Ifedayo Adetifa, diretor-geral do Centro de Controle de Doenças da Nigéria.
As duas medidas adicionais impostas pela Grã-Bretanha são as últimas a ocorrer depois de uma semana de grande preocupação que levou à introdução de uma série de restrições destinadas a retardar a incursão da variante Ômicron.
No momento, os viajantes devem se isolar e fazer um teste de coronavírus no segundo dia após a chegada. Se o teste for negativo, eles podem encerrar o isolamento. Caso contrário, espera-se que permaneçam em isolamento até obterem um resultado negativo.
A Grã-Bretanha é considerada líder em sequenciamento genômico, com um programa nacional bem executado para rastrear mutações do coronavírus, então tem uma vantagem em rastrear a disseminação da variante.