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23 November 2024

O que é, onde vive e como se reproduz o tubarão-duende

Considerado um fóssil-vivo, por lembrar espécies de tubarão pré-históricas, o tubarão-duende fez notícia nas últimas semanas quando um espécime foi capturado por um pescador. Difícil de de encontrar, o animal aterroriza e fascina

 

O pescador Carl Moore levou um susto quando recolheu sua rede no último dia 19 de abril. Junto dos peixinhos corriqueiros e de muitos camarões, Moore capturou uma criatura que, na opinião dele, parecia “pré-histórica”.  Rosado, com dentes afiados e uma mandíbula protuberante: na rede de Moore, um Mitsukurina owstoni. Um tubarão-duende.







Moore ficou tão aterrorizado com a criatura que desistiu de medi-la. Logo lançou o peixe de volta ao mar. Desde então, as fotos que fez correram o mundo. Desde o início de maio, não passa dia sem quem uma imagem do animal surja na minha timeline do Facebook. Compreensível: o bicho, feio e incomum, fascina. Confesso que, logo que vi a notícia, suspeitei que fosse mentira. Ou que o tubarão encontrado fosse a vítima de algum experimento que lhe causara deformidades. Ocorre que a espécie, apesar do nome engraçado e da aparência pouco convencional, é rara, mas existe. Desconhecido pela maioria das pessoas, o tubarão-duende é ainda um mistério para a ciência.

Um dos traços mais marcantes do tubarão-duende é sua mandíbula retrátil (Foto: Wikipedia )

 



Ao contrário do que a aparência atesta, os tubarões-duende são menos ferozes que seus companheiros, como o sanguenolento tubarão branco. A espécie passou a constar nos relatos científicos somente em 1898, primeira vez que foi descrita. Antes disso, porém, espécimes já haviam sido capturados por pescadores japoneses que, muito apropriadamente, apelidaram o bicho de tengu-zame. No folclore japonês, tengu é uma espécie de gnomo mítico equipado com um imenso narigão. Muitos chegam a chamá-lo de fóssil vivo, dada a semelhança com o Scapanorhynchus, uma espécie de tubarão que viveu no período cretáceo, há mais de 65 milhões de anos. O parentesco entre as espécies, no entanto, nunca foi comprovado.



O tubarão-duende é raramente avistado por ser um peixe que vive a grandes profundidades, em torno de 1300 metros. Mas pode ser encontrado em diversas partes do mundo. Há registros da presença da espécie na Ásia, no Golfo do México (onde o pobre Moore capturou o seu), na costa da Austrália e da Nova Zelândia, África do Sul, na Ilha da Madeira, nas Guianas e em alguns pontos dos EUA.  



 



Um dos traços mais curiosos do tubarão duende é sua mandíbula protuberante. Em lugar de ficar fundida ao crânio, como é de se esperar de um tubarão, ela fica suspensa por ligamentos e cartilagem. Isso permite que ela se projete durante a mordida, como se desse um bote. O movimento cria um processo de sucção, que captura o alimento. Os dentes pontiagudos servem mais para aprisionar a presa do que para cortá-la. É feio, não temos dúvidas. Mas oferece pouco risco para humanos. Mesmo assim, Moore deve preferir evitar encontro futuros com a espécie. Tudo bem, Moore, a gente te entende.



Nome científico

Mitsukurina owstoni

Tamanho

Em torno de 3,5m. Já foram encontrados tubarões medindo 3,8 m. As fêmeas costumam ser maiores.

O que comem

A ciência não sabe bem – são raros os registros de restos alimentares. Mas tudo indica que a dieta desses animais inclui moluscos, peixes e crustáceos.

Como se reproduzem

Suspeita-se que esses tubarões sejam ovovivíparos – nascem de ovos que ficam armazenados no interior do corpo da mãe. Mas nenhuma fêmea da espécie, até hoje, foi detalhadamente examinada wuando prenhe. Há relatos de que fêmeas da espécie costumam se reunir próximo à costa da ilha de Honshu, no Japão, durante a primavera. Cientistas acham que o ponto é um lugar de reprodução.

 

RC