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25 November 2024
iar o retorno presencial no início de fevereiro (Arisson Marinho/CORREIO)

Bahia terá mais de 15 mil vagas no Sisu

Após quase dois anos de ensino remoto, as universidades federais e estaduais vão voltar ao modelo presencial com protocolos contra a proliferação do coronavírus. As inscrições no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) começam no próximo dia 15, quatro dias após a divulgação das notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e vão até 18 de fevereiro, com resultado previsto para o dia 22. Na Bahia, são 15.540 vagas distribuídas em nove universidades, segundo levantamento feito pela reportagem a partir dos dados do Sisu. São 1.940 vagas a mais, em comparação com a seleção do ano passado.

Quem deseja concorrer às vagas, precisa ter realizado o último Enem, que teve duas aplicações – uma em novembro do ano passado e outra em janeiro de 2022, por conta da pandemia. Além disso, o estudante não pode ter zerado a redação. Entre as instituições do estado, a que mais oferece vagas é a Universidade Federal da Bahia (Ufba).

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Presente em Salvador, Camaçari e Vitória da Conquista, a Ufba disponibilizou 4.693 vagas, sendo 2.348 destinadas à ampla concorrência e 2.348 reservadas para cotas. São, ao todo, 93 cursos. A novidade deste ano é que cinco cursos que já existiam na Escola de Belas Artes e Teatro da Ufba, passarão a ter entrada pelo Sisu: Licenciatura em Teatro, Interpretação Teatral, Direção, Artes Plásticas e Design. “Isso é positivo porque mais alunos vão conseguir visualizar esses cursos e vamos poder receber alunos de outros estados”, afirma o Pró-Reitor Penildon Silva Filho. Apesar do retorno presencial da Ufba ter sido aprovado pelo Conselho Universitário (Consuni) para 7 de março, o Pró-Reitor explica que outras possibilidades ainda não foram totalmente descartadas, como adiamento ou aulas remotas. “Vamos fazer uma reavaliação no início de fevereiro, levando em consideração dados científicos e o avanço da variante Ômicron. Aí todas as opções estarão na mesa”.

A Universidade do Estado da Bahia (Uneb), que costuma ser opção para muitos moradores da capital e interior, vai oferecer 3.879 vagas em 92 cursos. Entre elas, 1.817 são destinadas à ampla concorrência e 2.062 voltadas a políticas de ações afirmativas. Interior do estado Na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) disponibilizará 605 vagas em 37 cursos, nos campis de Itapetinga, Jequié e Vitória da Conquista. Já a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) divulgou na segunda-feira (24), o adiamento do retorno das aulas, previsto inicialmente para 2 de fevereiro e que agora será dia 14. A mudança foi feita em função do aumento dos casos de covid-19 no estado. A Universidade Federal do Recôncavo (Ufrb) tem 1.636 vagas em 45 cursos distribuídos nas cidades de Cruz das Almas, Amargosa, Cachoeira, Feira de Santana e Santo Antônio de Jesus. E a Universidade Federal do Sul da Bahia (Ufsb) divulgou que tem 1.710 vagas em 53 cursos, nos campis de Itabuna, Porto Seguro e Teixeira de Freitas.

Também participando do Sisu, a Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob) possui 960 vagas distribuídas em 30 cursos para o primeiro semestre de 2022. A quantidade é a mesma do ano passado e os campis estão dispostos em Barra, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Luís Eduardo Magalhães e Santa Maria da Vitória. A Ufob possui um diferencial: apenas Medicina e Direito abrem vagas nos dois semestres do Sisu.

A Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), situada nos polos urbanos de Ilhéus e Itabuna, anunciou 1.746 vagas nos 33 cursos, sendo 839 para ampla concorrência e 907 destinadas às cotas. O IF Baiano vai ofertar 860 vagas em 22 cursos, espalhados em 24 municípios diferentes.

Tanto a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) como a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) possuem atuação em diferentes estados e não somente na Bahia. Esta última vai ofertar 110 vagas no campus localizado em São Francisco do Conde, para os cursos de Letras e Bacharelado Interdisciplinar. Já a Univasf não informou à reportagem quantas das 1.610 vagas são destinadas ao estado. Nervosismo e ansiedade com o resultado As incertezas nos calendários acadêmicos por conta da pandemia não desmotivam os futuros graduandos. Clara Medeiros, 17, terminou o ensino médio no ano passado e está confiante com a nota do Enem, que pretende usar para ingressar em Direito.

Segundo dados da Ufba, o curso terá 75 vagas para a ampla concorrência, sendo 35 à noite. “Não fiz vestibular além do Enem. Tenho a previsão de ficar em uma universidade pública, para parar de ter custos com mensalidade, pois sempre estudei em escola particular”, afirma Clara. Apesar de ter a federal como primeira opção, a jovem não descarta estudar em outra universidade. Clara conta que sua segunda opção é a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), que vai oferecer 1.087 vagas em 30 cursos diferentes. São 20 vagas para ampla concorrência em direito.

“Não tenho interesse em sair da Bahia, mas tenho a opção de Feira de Santana, porque tenho casa e conhecidos na cidade”, explica. Apesar da confiança, a estudante não esconde o nervosismo na expectativa de passar, na primeira tentativa, em um curso concorrido: “Fico um pouco ansiosa por ter dado o meu melhor e gostaria muito que fosse suficiente para passar na faculdade que eu tenho vontade. Mas tento não pensar muito nisso para não endoidar”. A psicopedagoga Elizangela Santos ressalta que esse período costuma ser de muita tensão para os jovens: “A partir do resultado do Enem, novos rumos e objetivos de vida serão traçados, por isso, é muito natural que essa expectativa mexa com os sentimentos e com o emocional”.

Família unida no Enem É comum encontrar, em uma mesma família, parentes que fizeram o Enem no mesmo ano. Eduarda e Fernanda Saio são irmãs e moram na Região Metropolitana de Salvador, ambas desejam entrar na universidade neste ano. A primeira tem 20 anos e chegou a cursar Engenharia Elétrica em Florianópolis. No ano passado, resolveu entrar no cursinho, na capital baiana, para tentar uma vaga em Direito, dessa vez em Salvador. Eduarda conta que a ansiedade está menor neste ano, em comparação com o primeiro vestibular que enfrentou. Isso porque ela conseguiu uma vaga em Direito na universidade que estudava: “Cancelei a minha matrícula em Engenharia Elétrica e me matriculei em Direito, mas se eu passar aqui pretendo voltar”.

Já a irmã, Fernanda, 18, está em dúvida de qual área da comunicação pretende seguir, uma vez que a linha do curso depende da universidade escolhida. “Estou nervosa e com medo, se não conseguir passar, já tenho noção que vou fazer cursinho”, desabafa. Para os que ainda não tem certeza do curso que pretendem ingressar, a psicopedagoga Elizangela Santos dá dicas.

Pensar nas áreas que o jovem mais se identificava na escola, procurar profissionais do mercado, fazer pesquisas e conversar com a família são alguns pontos que, segundo ela, podem ajudar a fazer uma escolha mais assertiva. Menor adesão no Enem e alunos com dificuldades Apesar da taxa de abstenção do último Enem ter diminuído de 51,9% para 29,9%, na comparação com 2020, o número de inscritos foi o menor desde 2005 (3,1 milhões de candidatos).

Na segunda aplicação do Enem, em 9 e 16 de janeiro, os faltosos chegaram a 70,5%, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação responsável pela prova. “Por causa da pandemia, muitos alunos do ensino médio evadiram, outros atrasaram sua formação e ainda tiveram aqueles que se desestimularam de entrar na faculdade, o que nos preocupa muito. Temos que fazer um trabalho de recomposição dessa demanda. E os encaminhamentos que foram dados ao Enem por parte do Inep não ajudaram.

Às vezes, os alunos tinham dificuldade de se inscrever porque tinham que pagar, depois ficou gratuito, mudou a data”, enumera o pró-Reitor da Ufba, Penildon Silva Filho. A psicopedagoga Elizangela Santos pondera que muitos alunos não tiveram acesso a ferramentas para acompanhar as aulas online. Além disso, o isolamento social e questões emocionais podem ter impactado no desempenho de muitos no Enem.

“Somos seres sociáveis e a aprendizagem depende desse contato com o outro e da interação”, afirma. Ana Clara Ribeiro, 21, faz cursinho há três anos para conseguir entrar no curso de Medicina.

Ela conta que a pandemia acabou prejudicando seus estudos, principalmente no início: “Tive muita dificuldade em me adaptar às aulas online e acabei deixando os estudos de lado por um tempo”. De volta ao ensino presencial, a estudante conta que está ansiosa pelo resultado do Enem, mas vê pouca possibilidade de ingressar em universidades públicas.

“Tenho feito cursos específicos para faculdades particulares. Além disso, a quantidade de vagas é bem pequena, o que torna a concorrência muito grande”. *Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro.