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25 November 2024

Em carta, Klara Castanho diz que foi violentada não só pelo homem que a estuprou, mas também pelo julgamento das pessoas

Neste sábado (25), a atriz Klara Castanho, de 21 anos, divulgou uma carta em que revelou que foi vítima de estupro, engravidou e decidiu entregar a criança para adoção seguindo todos os trâmites legais. A atriz não queria expor esse episódio de sua vida, mas sites e redes de fofocas trouxeram não só a história a público, mas também especulações e ataques à atriz.

“Esse é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo.”, declarou Klara na carta.

Tudo começou com um post do jornalista Matheus Baldi no dia 24 de maio, dizendo que Klara teria dado à luz a uma criança. A pedido da própria atriz esse post foi apagado, mas a notícia se espalhou. Na última quinta-feira (23), a apresentadora Antônia Fontenelle incitou ainda mais os comentários contra Klara na internet.

Sem citar o nome da atriz, ela disse em uma live, em tom bastante agressivo, que uma atriz de 21 anos teria engravidado e entregue o bebê para adoção. E depois disso, Klara se manifestou pela primeira vez sobre o assunto, através de uma carta aberta em sua rede social.

“Fui estuprada. Relembrar esse episódio traz uma sensação de morte porque algo morreu em mim”, declara a Klara.

 

Klara conta que seguia menstruando normalmente e que não havia ganhado peso. E que ao contar para o médico que havia sido estuprada, se sentiu violada e culpada novamente.

“Esse profissional me obrigou a ouvir coração da criança, disse que 50% do DNA eram meus e que eu seria obrigada a amá-la…”, conta Klara na carta.

A advogada Fayda Belo explica que mesmo que Klara não tivesse sido estuprada, ela poderia legalmente entregar a criança para adoção.

“Toda mulher, ainda que não seja vítima de um estupro, que queira não ficar com um bebê, ela tem esse direito. A lei confere a ela esse direito. Inclusive o direito ao parto de maneira sigilosa.”, explica a advogada.

 

Klara conta ainda na carta que no dia em que o bebê nasceu, foi abordada e ameaçada por uma enfermeira na sala de cirurgia com as seguintes palavras: “Imagine se tal colunista descobre essa história”. E quando Klara voltou para o quarto, já havia mensagens do colunista com todas as informações.

Depois da divulgação da carta de Klara, o colunista Léo dias, do site Metrópoles, publicou um texto detalhando o caso. A advogada Fayda Belo diz que tanto Léo Dias como Antônia Fontenelle podem responder por difamação.

Neste domingo (26) , Léo Dias publicou um pedido de desculpas à atriz. Ele diz que não deveria ter escrito nenhuma linha sobre esta história ou ter feito qualquer comentário sobre algo do qual não tem o direito de opinar. Em postagem, Lilian Tahan, diretora de redação do Metrópoles, diz que “O site expôs de forma inaceitável os dados de uma mulher vítima de violência brutal e que a matéria foi retirada do ar”. Nas redes, a revelação dessa história causou indignação contra Léo Dias e contra Antônia Fontenelle.

O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo e o Conselho Federal de Enfermagem estão apurando a denúncia. O Hospital Brasil se solidarizou.

Fantástico procurou Klara Castanho, mas ela preferiu não dar entrevista. Em mensagem, Klara disse que está tudo muito recente e muito difícil. Tudo o que poderia dizer está na carta.