Gravações mostram que, além de assédio sexual, Pedro Guimarães cometia assédio moral na Caixa
Após funcionárias da Caixa Econômica Federal denunciarem o ex-presidente do banco Pedro Guimarães por assédio sexual, a coluna de Rodrigo Rangel, do Metrópoles, divulga nesta quinta-feira (30) relatos de assédio moral por parte do ex-chefe da instituição.
“Os testemunhos incluem situações em que Guimarães, a partir do cargo de presidente da Caixa, submeteu subordinados a constrangimentos diversos”, diz a reportagem.
Guimarães tinha acessos de fúria durante reuniões e usava termos de baixo calão.
No fim de 2021, por exemplo, relata a matéria, “Guimarães estrilou com executivos da Caixa em razão de uma decisão que havia sido tomada pelo conselho do banco sem que ele tivesse sido informado”. O conselho tinha aprovado uma mudança nas normas internas que limitava as nomeações de Guimarães para conselhos da Caixa e bancos ligados à ela. Ele só poderia, portanto, ser remunerado pela atuação em, no máximo, dois conselhos.
Guimarães chegou a ocupar 18 conselhos, alcançando uma remuneração de R$ 130 mil, além do salário mensal de presidente da Caixa, de R$ 56 mil.
O então presidente do banco viu a mudança como uma tentativa de sabotagem e xingou os responsáveis:
Ele ainda pediu ao vice-presidente da Caixa, Celso Leonardo Derziê Barbosa, que anotasse o CPF de todos os envolvidos na reunião. Caso o conteúdo da conversa vazasse, todos seriam punidos com a perda dos cargos que ocupavam.
Celso Leonardo é apontado como o responsável por promover perseguição interna aos que desagradavam Guimarães.
A tarefa de garantir que o teor da reunião não vazasse deveria ficar com Celso Leonardo porque, segundo Guimarães, Álvaro Pires, assessor do gabinete da presidência, é “pau mole” e teria coragem de fazer o que fosse necessário.
Em outro trecho vazado, Guimarães trata seus subordinados com desprezo, usa termos grosseiros e revela seu caráter autoritário: “isso aqui não é uma democracia”.
Em outro áudio, ele ameaça funcionários que tomem decisões internas sem consultá-lo.
Os áudios mostram o perfil centralizado do ex-presidente da Caixa. Os assuntos no banco deveriam passar pelo seu crivo ou pelo de sua chefe de gabinete, Rozana Alves Guimarães.
Funcionários da Caixa relataram que Guimarães, durante viagens a trabalho com subordinados, colocava pimenta na comida dos colegas e forçava-os a comê-la. Ainda que o então presidente desse tom de brincadeira à prática, uma funcionária classifica como ‘sadismo’. “Quanto mais você chora e passa mal, mais ele ri. Ele é bem sádico. Em toda refeição de trabalho com ele tinha pimenta no prato de alguém”.