Número de crianças internadas chega a quase o dobro do de idosos
Entre 14 de agosto e 10 de setembro, 678 bebês e crianças com menos de 5 anos foram hospitalizadas por covid-19 no Brasil
O número de crianças internadas entre 14 de agosto e 10 de setembro foi quase o dobro do de idosos, segundo estudo do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), da Fundação Oswaldo Cruz. As informações são da Agência Brasil.
Apesar das quedas nos números de hospitalizações de ambas faixas etárias, a pesquisa indicou que o sucesso da vacinação contra a covid-19 entre os idosos e a baixa cobertura das crianças menores de 5 anos causou uma inversão nos dados de internação pela doença.
O estudo foi embasado em dados dos Boletins Epidemiológicos Especiais: Covid-19 (SVS/Ministério da Saúde), e mostrou que, no período, 678 bebês e crianças com menos de 5 anos foram hospitalizadas por covid-19 no Brasil, enquanto as internações de idosos com mais de 60 anos somaram 387.
Os pesquisadores afirmam que, com o avanço da vacinação entre adolescentes, adultos e idosos, as taxas de hospitalização e mortalidade caíram em todas as faixas etárias, mas entre as crianças menores de 5 anos, a queda está sendo mais devagar. Enquanto entre os idosos houve queda de 325% na média diária de óbitos por covid-19, para os menores de 5 anos essa queda foi de 250%.
Com o novo cenário, as crianças menores de 5 anos passaram a responder por duas de cada cinco internações por covid-19 no Brasil, a partir de julho de 2022.
A vacinação de crianças de 3 e 4 anos só pode ser feita com a CoronaVac,,a partir da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), concedida em 13 de julho, para o uso emergencial da vacina. Até 23 de setembro, somente 2,5% da população com essa faixa etária havia recebido a vacina, e, segundo o Vacinômetro do Ministério da Saúde, o número de doses aplicadas nessas crianças não chega a 1 milhão. Para bebês de 6 meses a 2 anos, a Anvisa aprovou o uso da Pfizer pediátrica em 16 de setembro, mas a vacinação ainda não começou.
“A cada dia que passamos sem vacinas aplicadas nessa faixa etária, mais de uma criança morre por covid-19 no Brasil”, afirma Cristiano Boccolini, pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz.