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24 November 2024

Mercado vê discurso “generalista” de Haddad sobre economia na Febraban; bolsa cai, dólar sobe

O Ibovespa ampliou a queda após as falas de Fernando Haddad (PT), cotado para ministro da Fazenda do governo Lula, em almoço com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Às 16h10, o índice operava em baixa de 2,75%.

Já o dólar chegou a bater em R$ 5,40 no mesmo horário, sem trégua nas incertezas relacionadas ao rumo fiscal no país e à equipe ministerial do novo governo.

A avaliação de banqueiros que estiveram no almoço da Febraban é que o discurso de Fernando Haddad foi muito generalista e sem consistência suficiente para os banqueiros.

Um desses banqueiros avalia que o governo eleito não tem time nem tem plano, informa a analista de política da CNN Thais Arbex.

Haddad na mesa com banqueiros

Minutos antes do início do evento, Haddad se dirigiu ao salão principal, que recebe 350 convidados, e foi o centro das atenções. Foi cumprimentado por diversos executivos presentes, e muito assediado pela imprensa, conforme relato do analista do CNN Business Fernando Nakagawa.

Na mesa do almoço, Haddad estava sentado entre o presidente da Febraban, Isaac Sidney, e o presidente do conselho de administração do BTG, André Esteves. Nela, estão todos os principais executivos que comparecem ao evento.

Convidado principal

Cotado para ser o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad foi muito paparicado ao chegar ao almoço anual da Febraban. Haddad comparece como representante do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-ministro da Educação chegou por volta das 11h45 ao local do evento no bairro do Itaim Bibi, na zona sul de São Paulo e foi direto a uma sala reservada. Lá, esteve por cerca de 20 minutos com a direção da Febraban e alguns dos principais executivos do setor, que participam do evento.

Discurso

Fernando Haddad (PT) fez um discurso de futuro ministro da Fazenda durante o almoço. “Minha vida mudou muito de terça-feira para ontem, agora falo em nome do presidente Lula”, afirmou, explicando porque estava ali.

Ele prometeu uma reforma tributária em 2023, começando pelos impostos sobre o consumo. E foi específico: a PEC 45, que unifica o ICMS. Também disse que vai revisar os gastos públicos, sem dar detalhes.

Mas não deu uma palavra sobre o principal tema hoje: a PEC do Estouro, que prevê a retirada de quase R$ 200 milhões do teto de gastos. Haddad disse apenas que “o que não dá é para o Brasil crescer 0,5% porque as tensões sociais se agravam”, e apresentou Lula como alguém que ouve a sociedade.

Ele chegou a ironizar e chamou de PEC do Estouro ou PEC Kamikaze o pacote pré-eleitoral aprovado pelo Congresso para tentar turbinar a candidatura de Jair Bolsonaro. “Não sei como vocês do mercado chamam, mas aquilo deseducou.”

Reforma tributária

Em nome do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-ministro Fernando Haddad defendeu a harmonia entre os poderes e destacou que a reforma tributária será a prioridade do primeiro ano do novo Governo.

Haddad havia recusado um convite de participar do evento, mas acabou aceitando o pedido de Lula para representá-lo, já que o presidente eleito ainda se recupera de uma cirurgia.

O ex-ministro destacou que logo nos primeiros meses de governo, o foco será a reforma tributária para melhorar a qualidade da receita, com um segundo momento direcionando as energias para  uma reforma dos impostos sobre renda e Patrimônio.

Haddad afirmou ainda que é preciso virar a página da guerra que se estabeleceu entre a Presidência, governadores, prefeitos e os demais poderes. Ele destacou ainda que Lula nunca viu incompatibilidade entre o social e o fiscal.

Por outro lado, Haddad disse que não foi ao evento falar sobre a PEC que coloca o Bolsa Família fora do teto de gastos. Haddad evitou ainda falar sobre a possibilidade de indicação ao Ministério da Fazenda.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Melo, também discursou, deu um panorama da situação do Brasil nos últimos anos e defendeu a manutenção das reformas e a coerência fiscal. Antes, discursou o presidente da Febraban, Isaac Sidney, que garantiu que os bancos irão contribuir para a governabilidade.