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23 November 2024

Em jogo sofrido, Argentina conquista o tricampeonato mundial e consagra Lionel Messi

Hermanos voltam a levantar a taça do mundo após 36 anos de espera, após vencerem a França nos pênaltis

Por Estadão Conteúdo

Foto: Twitter/FIFA

Meses antes de disputar o Mundial da Rússia, em 2018, Ángel Di María afirmou que o futebol devia uma Copa do Mundo a Lionel Messi. O problema foi resolvido quatro anos mais tarde, no Catar O camisa 10 concluiu sua trajetória em Mundiais com a taça que buscou durante 16 anos e que pôde enfim erguer após a dramática vitória da Argentina sobre a França nos pênaltis, após 2 a 2 no tempo normal e 1 a 1 na prorrogação. Nas penalidades, os argentinos venceram por 4 a 2.

 

Di María e Messi se destacaram no triunfo que deu à equipe alviceleste o terceiro título mundial, encerrando um jejum de 36 anos sem conquistar o maior torneio de futebol do planeta. O camisa 11 sofreu o pênalti que o camisa 10 converteu e depois marcou um bonito gol nascido em trama coletiva. Na prorrogação, Messi, já sem Di María em campo, fez como um centroavante, aproveitando rebote, o gol mais importante de sua extraordinária carreira. Mas Mbappé empatou em seguida e a decisão foi definida nas penalidades.

 

Na disputa da marca da cal, o protagonista foi o provocador, irreverente e competente goleiro Emiliano Martínez. Ele pegou a cobrança de Coman, viu Tchouameni chutar para fora e assistiu a Messi, Dybala, Paredes e Montiel acertarem todas as cobranças. O goleiro disse que morreria para dar a Messi um título mundial. Seguramente está feliz agora.

 

A Argentina tornou-se tricampeã e a França se manteve com duas conquistas. Mas os franceses saem de cabeça erguida pelo que exibiram no segundo tempo. Tiraram uma desvantagem de dois gols graças ao seu craque, Mbappé, com dois gols num intervalo de dois minutos. O camisa 10 francês terminou como artilheiro do Mundial, com oito bolas nas redes, mas o craque do torneio foi Lionel Messi.

 

Di María e Messi têm trajetórias semelhantes no futebol. Saíram de Rosario, são canhotos habilidosos, receberam críticas no passado por não jogar na seleção o mesmo futebol que apresentavam nos clubes e vestiram a camisa do Paris Saint-Germain – Messi ainda veste.

 

Di María e Messi se destacaram pelos argentinos, com uma exibição perfeita no primeiro tempo e comandaram o que parecia ser um triunfo contundente na finalíssima. Numa reviravolta improvável, foram ofuscados na etapa final por Mbappé, que viveu noite de gênio e sairá do Catar ainda maior. Mas os sul-americanos sorriram no final.

 

Os argentinos suplantaram com certa facilidade o sistema defensivo francês na etapa inicial, com um gol de pênalti de Messi e outro de contra-ataque concluído por Di María, o protagonista da partida até Mbappé desequilibrar.

 

O roteiro foi modificado depois dos 30 minutos do segundo tempo. Mbappé havia sido anulado pelos defensores argentinos no primeiro tempo. No entanto, beneficiado pelas mexidas do técnico Didier Deschamps, mudou com dois gols em um período de dois minutos a história do jogo quando ele se encaminhava para o final ao anotar um de pênalti e outro em bonita finalização rasteira.

 

Messi e Mbappé continuaram a jornada de brilho no tempo extra. O argentino fez o terceiro no início do segundo tempo do tempo extra, aproveitando rebote de Lloris. Mas o francês reapareceu para guardar mais um de pênalti, cometido pelo lateral Montiel, que se atirou com o braço na bola.

 

Empurrada por milhares de argentinos nas arquibancadas do Lusail, a “Scaloneta”, apelido do time treinado por Lionel Scaloni, fez um jogo de amplo domínio sobre os franceses nos 45 minutos iniciais. Os sul-americanos massacraram os europeus, o que ficou evidente pelo número de finalizações: seis, sendo três em direção ao gol, diante de nenhuma do então atual campeão mundial.

 

Scaloni confiou em Di María, o escalou como titular pela primeira vez no mata-mata e foi recompensado. Titular e aparentemente com menos dores no quadríceps, o camisa 11 fez uma partida irretocável até sair de campo ovacionado aos 19 minutos da segunda etapa. As palmas foram resultado da exibição de brilho.

 

Aos 20 minutos, sofreu pênalti que Lionel Messi converteu com categoria, deslocando Lloris. Aos 36, finalizou o que foi uma aula de contra-ataque da Argentina. O lance começou com Mac Allister, teve participação de Messi, toque de Álvarez e foi concluído por Di María de perna esquerda por debaixo do goleiro francês.

 

O meia chorou depois de ir às redes. Talvez por lembrar das lesões que tanto o incomodaram. Talvez por ser de novo decisivo. Foram dele os gols do título na final olímpica em 2008 e na final da Copa América sobre o Brasil em 2021.

 

Di María foi importante para o amigo Messi quebrar mais recordes. Único a marcar em todas as fases de uma Copa do Mundo, o craque argentino igualou Pelé ao anotar seu 12º gol em Copas. Ele e o Rei do Futebol dividem a quinta colocação na artilharia histórica dos Mundiais.

 

O jogo era fácil a ponto de os argentinos gritarem “olé” nas arquibancadas depois dos 30 minutos da etapa final. A Argentina tocava a bola e sustentava com tranquilidade o resultado no segundo tempo. Até que tudo começou a mudar aos 33 minutos, quando Mbappé apareceu e as mudanças de Deschamps deram resultado. Muani e Coman, em especial, tiveram papel importante na remontada francesa.

 

Otamendi derrubou Muani, que entrou no lugar de Giroud ainda no primeiro tempo, dentro da área. Mbappé converteu no canto direito e deixou os franceses vivos aos 34. Aos 36, Messi perdeu a bola no lado direito para Coman e a bola chegou até Mbappé. O astro do PSG provou ser fora de série e empatou a partida com um chute letal no canto esquerdo.

 

Decisivo para o título de sua seleção em 2018, o astro francês mostrou que tem estrela e se despediu como artilheiro do torneio, com sete gols. Além disso, repetiu Vavá, Pelé, Breitner e Zidane e virou o quinto jogador a marcar em duas finais de Copa do Mundo.

 

Como contra a Holanda nas quartas, a Argentina “morreu” nos minutos finais. Passou de dominante a dominada porque as pernas não corriam mais como antes e o aspecto mental também pesou.

 

Ocorre que os sul-americanos têm Messi. No segundo tempo de uma nervosa prorrogação, ele brilhou de novo ao marcar um gol de camisa 9, aproveitando rebote de Lloris em jogada que ele mesmo havia começado. No entanto, os franceses têm Mbappé, que igualou mais uma vez o marcador com um novo gol de pênalti. Nos pênaltis, os argentinos foram perfeitos e deram a Messi a Copa que lhe faltava.

 

Ficha técnica – Argentina 3 (4) x (2) 3 França

 

Argentina – Emiliano Martínez; Molina (Montiel), Romero, Otamendi e Tagliafico (Dybala); De Paul (Paredes), Mac Allister (Pezzella), Enzo Fernández e Di María (Acuña); Messi e Julián Álvarez (Lautaro Martínez). Técnico: Lionel Scaloni.

 

França – Lloris; Koundé (Disasi), Varane (Konaté), Upamecano e Théo Hernández (Camavinga); Tchouaméni, Rabiot (Fofana) e Griezmann (Coman); Dembélé (Muani), Giroud (Thuram) e Mbappé. Técnico: Didier Deschamps.

 

Gols – Messi, aos 23, e Di María, aos 36 minutos do primeiro tempo. Mbappé, aos 34 e aos 36 minutos do segundo tempo. Messi, aos 4, e Mbappé, aos 13 minutos do segundo tempo da prorrogação.

 

Cartões amarelos – Enzo Fernández, Rabiot, Thuram, Giroud, Acuña, Paredes, Montiel e Damian Martínez.

 

Árbitro – Szymon Marciniak (Polônia).

 

Público – 88.966 pagantes.

 

Local – Lusail Stadium, em Al Daayen, no Catar.