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24 November 2024

Ataques a escolas ligam alerta de pais, alunos e professores

Ataques em escolas têm assustado pais, alunos, professores e funcionários que trabalham nas instituições de ensino em todo Brasil. Somente em 2023, dois massacres resultaram em cinco mortes: quatro crianças na creche Cantinho do Bom Pastor, em Blumenau (SC), e uma professora na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo. Recentemente, um jovem de 19 anos foi contido por seguranças do Colégio Luís José de Oliveira, no bairro de Boca da Mata, em Salvador, após entrar na unidade de ensino com um facão para tentar atingir outros alunos.

Preocupada com a segurança dos dois filhos, um deles autista, Juliana Dantas, 36 anos, moradora do bairro de Paripe, subúrbio ferroviário de Salvador, relatou em entrevista ao Varelanet o sentimento de medo ao deixar os filhos irem à escola e pediu paz. “Olha, eu ando muito assustada e revoltada pela falta de segurança para nossos filhos. Meus filhos estão indo para escola com medo. O mais velho anda bem assustado, nervoso com tudo isso, sem querer ir para escola. Precisamos urgentes de mais segurança nas escolas públicas e particulares. Precisamos ter paz novamente”, afirmou.

Ela também ressaltou a importância dos pais ficarem de olho no comportamento dos filhos. “Sempre estou conversando com ele [filho]. Olho a mochila, presto atenção nas amizades. Inclusive vamos começar sessões com psicólogo devido a essa situação toda, que afetou bastante meu filho mais velho”, pontuou.

A sensação de insegurança ficou ainda maior após uma suposta ameaça de massacres nos colégio baianos que seriam cometidos na quinta-feira (20). A polícia realizou uma operação para evitar novos crimes. Nenhuma ocorrência foi registrada.

Professora reclama de insegurança

Professora da rede estadual há 17 anos, Carmem Gouveia, de 42, observa uma série de aspectos externos que têm refletido no comportamento dos estudantes na sala de aula.

“São muitos os fatores que estão por trás das mudanças de comportamento dos estudantes nos últimos anos. A pandemia e as consequências emocionais, econômicas e financeiras do isolamento levaram muitos estudantes a desequilíbrios, especialmente no comportamento em relação à manutenção do respeito, do reconhecimento dos papéis dentro da escola. Como consequência, o aprendizado ficou prejudicado. Quem tem dificuldade em aprender, em se concentrar, muitas vezes em escrever, não mantém o foco para que a gente consiga manter o processo de aprendizagem fluído como deve ser”, explicou a educadora em entrevista ao Varelanet.

Ela também lamentou que um espaço destinado a formar cidadãos venha sendo marcado por desastres e um ambiente de risco para os profissionais de educação. “Num primeiro momento, as notícias foram devastadoras. Estamos fragilizados pela realidade presente nas escolas e ver ataques a um espaço que, por premissa, é da rede de segurança da sociedade. É o espaço de acolher crianças e jovens, de mantê-los seguros das tantas formas de violência que vivenciam nas comunidades e subúrbios da cidade. Isso é ainda mais assustador, nos destruiu. Além de todas a violência que nossa profissão sofre, nos vimos expostos também a violência física e de lugares que não estávamos atentos”, completou.

Governo diz que responsabilizará autores de ameaças 

Secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner afirmou que ações nas escolas estão sendo tratadas como prioridades. “O resultado disso é a apreensão de quatro adolescentes, em diferentes municípios do estado, todos envolvidos com a divulgação de ameaças em ambientes escolares. Temos outras apurações em andamento para identificar e responsabilizar quem está se aproveitando deste momento de comoção social para espalhar o terror”, disse.

Com o objetivo de “orientar a sociedade”, a gestão distribuiu, de forma digital, o informativo ‘Escola Segura’, uma das ações que devem ser executadas pelos representantes do Comitê Estadual Intersetorial de Segurança nas Escolas e nos Espaços Educacionais da Bahia (Cise) —grupo criado na esteira das recentes ameaças e disseminação de boatos sobre ataques às instituições.

No documento, há orientações de prevenção às famílias, aos estudantes, aos educadores e à gestão das unidades de ensino, sejam elas estaduais, municipais ou privadas. Entre as orientações descritas no informativo estão a discussão de noções de cibersegurança, a atenção a mudanças de comportamento dos estudantes, a atenção especial dos pais com as mochilas dos estudantes, a inserção da comunidade em atividades escolares, e a promoção de atividades pedagógicas que promovam a cultura de paz.

arquivo pode ser baixado aqui e distribuído no WhatsApp ou por meio de outras ferramentas on-line. Os veículos de comunicação de todo o estado também poderão disponibilizar o conteúdo para que as orientações cheguem ao maior número de pessoas possível.

*Sob a supervisão da editora Cris Campos