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23 November 2024

Bloco ‘As Muquiranas’ decide numerar fantasias para facilitar identificação de foliões

 

Foto: Alfredo Filho/Secom

Após os episódios de assédio sexual envolvendo foliões do bloco ‘As Muquiranas’ no Carnaval de Salvador deste ano, a agremiação decidiu que vai aplicar numeração em cada fantasia e vinculá-las ao cadastro do associado a partir da festa de 2024. A decisão foi confirmada pelo presidente do bloco, Washington Paganelli, ao Portal M!, na noite desta terça (25).

 

Além disso, Paganelli revelou que os foliões que respondem a processos relacionados à Lei Maria da Penha não serão aceitos no bloco.

 

Sobre a decisão de numerar as fantasias, o presidente da agremiação afirmou que a medida tem o objetivo de ajudar a identificar foliões suspeitos de algum caso de assédio ou agressão, por exemplo, além de poder auxiliar em acidentes envolvendo associados do bloco.

 

“Somos o único bloco que tem cadastro para comprar, só vendemos uma fantasia por CPF, em que é preenchida uma ficha com identidade, foto, comprovante de residência. E o que acontece é que havendo um acidente fora do bloco, a numeração na fantasia pode ajudar a identificar a pessoa. E também em casos de suspeitos de agressão ou outros episódios, eles podem ser identificados, para que o poder público tome as melhores providências”, explicou ao M!.

 

Já quanto a decisão de não aceitar foliões que respondem processos da Lei Maria da Penha, Paganelli explicou que foi uma sugestão do público.

 

“Foi uma sugestão do público e acatamos: que as pessoas que respondem a algum processo na Lei Maria da Penha não será aceitas em nosso quadro de associados. Então, as ‘Muquiranas’ está mostrando, mais uma vez, que está se antecipando a tudo e todos, e segue pregando contra a violência, homofobia, assédio e todo tipo de preconceito”, ressaltou.

 

As decisões foram deliberadas pelo bloco durante audiência com o Ministério Público da Bahia (MP-BA), na segunda-feira (24). A origem foi o caso de uma mulher encurralada e agredida por foliões do bloco em fevereiro de 2023, conforme noticiado pelo Portal M! na reportagem: Vítima de agressões durante desfile das ‘Muquiranas’ pede fim do bloco: “O que mais precisará acontecer?”. Após o episódio, o bloco também se tornou alvo de investigação no MP-BA.

 

A audiência realizada na segunda foi conduzida pela promotora de Justiça Sara Gama, coordenadora do Núcleo de Enfrentamento às Violências de Gênero em Defesa dos Direitos das Mulheres (Nevid), que destacou a importância da participação de todos no processo de combate a este tipo de violência e ressaltou que “a violência contra as mulheres só terá fim quando os homens se conscientizarem e se tornarem parte ativa do escudo que protege as mulheres”.

 

Campanhas

O presidente das ‘Muquiranas’ também enfatizou que o bloco realiza campanhas contra a violência, discriminação racial, racismo, homofobia e preconceito, há mais de 20 anos.

 

“Em 2012, nós ingressamos com um pedido de Projeto de Lei pela proibição da pistola d’água que não andou na época, e desde de 2020, temos uma parceria com o Ministério Público e com a Secretaria de Políticas para Mulheres e Juventude (SPMJ), para promover ações contra a violência, assédio, racismo, e todas essas práticas que não concordamos”, pontuou.