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23 November 2024

Opinião: Jerônimo começa a enfrentar resistência da base na Assembleia

O governo Jerônimo Rodrigues até vive uma boa relação com o eleitorado, dado as últimas pesquisas de opinião disponíveis. O mesmo, no entanto, não se pode falar da maneira como deputados estaduais têm se comportado em meio a votações relevantes e estratégicas para o governo. Há ruídos na relação e, num período pré-eleitoral, isso pode ser decisivo para as formas como os parlamentares lidam com pedidos e convocações.

O reajuste dos servidores estaduais foi o último episódio em que a liderança do governo foi exposta – e tentou minimizar a falta de “controle” sobre a base aliada. Uma semana antes, na votação do novo “Pacto pela Vida” (rebatizado para não parecer mais do mesmo), foi necessário o apoio da oposição para que a matéria fosse aprovada. Por enquanto, as tensões na base não chegam a perturbar o governador, mas nada impede que o movimento se torne contínuo e difícil de ser revertido.

Nos bastidores, a reclamação vai desde o não atendimento de demandas (queixa clássica e não necessariamente amparada na realidade) até os excessos de viagens as quais Jerônimo tem feito. Deve haver um quê de exagero, já que parlamentares nunca estão satisfeitos com aquilo que recebem. Mas não deixam de ser relevantes os episódios envolvendo votações e o fato dos deputados “soprarem” para a imprensa que falta “jogo político” ao governador.

Questionado sobre uma das reclamações, de que Jerônimo e os secretários do entorno direto do governador estão dando “by-pass” nos deputados, o chefe de Gabinete Adolpho Loyola admitiu que a instrução é não deixar ninguém sem atendimento. Em outras palavras, os deputados tornam-se menos importantes para as próprias existências políticas enquanto elos entre lideranças e o governo. Isso é só um dos pontos. Há outros tantos emergindo, aos poucos.

A robustez da base, com atração até de parlamentares que flertavam com o bolsonarismo no pleito de 2022, é outro símbolo de que os deputados estaduais já não vivem na lua-de-mel que Jerônimo ainda vive com os eleitores. Passou a ser comum ouvir esse tipo de reclamação, como se aliados de primeira hora estivessem sendo preteridos na escala de prioridades. A lista de exemplos não é pequena e precisa ser observada com atenção, afinal, se a ideia é manter a base unida, é preciso evitar que ruídos se perpetuem.

Fonte: Bahia Notícias