Só em São Paulo, nas agências públicas de emprego da capital e do interior, são 13 mil vagas que aceitam candidatos com mais de 50 anos. As oportunidades são para agente de segurança, ajudante de cozinha, atendente, assistente de venda, todos os níveis de escolaridade. O mercado está longe de ser o ideal, mas vem melhorando.
O Brasil tem quase 46 milhões de pessoas com mais de 50 anos, o que representa 23% da nossa população. Nos últimos dez anos, o número de cinquentões desempregados caiu 62%, segundo o IBGE. Em 2005, 4,2% deles estavam foram do mercado. Já em março deste ano, a taxa era de 1,6%.
As empresas aos poucos estão apostando em profissionais, como o engenheiro Francisco Habib, contratado quando tinha 51 anos por uma indústria química. Hoje, aos 57 anos, ele continua com todo o gás. “Uma pessoa com mais de 50 anos tem experiência de vida, experiência profissional para ajudar a empresa a crescer e continuar firme no mercado de trabalho”.
Em uma rede de lojas de móveis e eletroeletrônicos em Salvador, quase 10% dos funcionários têm 50 anos ou mais. As portas estão sempre abertas para trabalhadores nessa faixa etária, e muitos encontraram uma oportunidade depois de terem sido recusados por outras empresas por causa da idade.
Silvio da Silva, de 59 anos, e Reinaldo Abreu, de 54 anos, foram contratados recentemente. Antes disso, ouviram muitas respostas negativas, mas não desanimaram. “Depois de duas entrevistas, eu senti realmente a dificuldade devido a eu ter 54 anos, e consegui. Hoje eu boto as mãos para o céu porque a empresa que estou hoje me ofereceu essa oportunidade de voltar ao mercado”.
The Economist
A revista The Economist, importante e respeitada publicação inglesa, trouxe uma análise sobre o envelhecimento da população. Uma parte do artigo falava de como as pessoas mais velhas são muito valorizadas no mercado de trabalho em vários países.
O Brasil ainda está muito atrás. Nos países desenvolvidos, as pessoas de 60 anos e até mais do que isso estão trabalhando por muito tempo. Entre os americanos, a proporção de idosos que permanecem em atividade subiu de 13% no ano 2000, para 20% nos dias atuais.
O que ajuda a elevar o prolongamento da vida profissional dos idosos é a boa educação. Nos Estados Unidos, entre os que têm curso superior, 65% continuam trabalhando. Entre os que ficaram só com o ensino médio, são 32%.
Jovem Aprendiz
Por lei, toda empresa de médio e grande porte deve manter entre 5% e 15% dos funcionários registrados como aprendizes. O programa atende adolescente a partir de 14 anos e jovem de até 24 anos. Os aprendizes têm direitos como qualquer trabalhador.
“Ele tem direito a ganhar pelo menos o salário mínimo hora, 13º salário, férias, vale-transporte e FGTS. Ele tem os direitos gerais dos outros trabalhadores porque é empregado também”, explica a auditora fiscal do trabalho Elizabeth Alice.
A carga horária dos aprendizes é diferenciada. Os que estão no ensino fundamental só podem trabalhar até seis horas por dia. Os que já concluíram o ensino fundamental podem estender a jornada por até oito horas. Nos dois casos, eles têm direito a se capacitar e o tempo que ficam na sala de aula conta como horas trabalhadas.
Os aprendizes fazem os cursos de capacitação e são encaminhados ao mercado por entidades cadastradas pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Camila Cristina da Silva Serafim, de 20 anos, está matriculada no curso de auxiliar de escritório. “Tô ganhando mais experiência, aprendendo coisas que eu não sabia e é bom porque é carteira assinada”, conta.
Segundo o Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE), ano passado, mais de 12 mil empresas contrataram jovens pelo programa. A boa notícia é que, ao final do contrato, que é de até dois anos, em 70% dos casos, elas efetivam os aprendizes.
“Não temos dúvida que o investimento no jovem é um investimento com retorno garantido e as empresas, cada vez mais, vêm descobrindo grandes talentos, sempre aliando teoria e prática”, relata o gerente do CIEE no Ceará Robério Henrique Costa.