maio 17, 2014
Sesab deve criar 9 unidades terapêuticas para pacientes psiquiátricos até final do ano
Foto: Reprodução
Libertar a “loucura” do hospício para controlar melhor as doenças mentais. Com a cabeça nessa ideia, um programa de residências terapêuticas pretende até o fim de 2014 esvaziar os hospitais psiquiátricos da Bahia. Oriundos de um tempo em que cuidar de pacientes com distúrbios mentais era sinônimo de confinamento, quando não de crueldade e loucura no pior sentido da palavra, os hospitais psiquiátricos tendem a ser cada vez mais dispensáveis. A Reforma Psiquiátrica, iniciada na década de 80 e que virou lei em 2001, orienta todo esse processo. Na Bahia, há 247 pacientes internados. Muitos, há bastante tempo. Desse total, 176 ainda estão no Lopes Rodrigues, em Feira de Santana; 45 no Juliano Moreira, em Salvador; e 3 no Afrânio Peixoto, em Vitória da Conquista. "Tem pacientes com 20, 30 anos de internação afastados de familiares", diz Carolina Dórea, responsável pela desinstitucionalização da assistência psiquiátrica realizada pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). A palavra grande da frase anterior significa transferir o atendimento para perto da casa dos pacientes, mas, principalmente, quer dizer reinserir essas pessoas na sociedade. Se tudo correr como espera, a Bahia terá mais nove residências implantadas. Segundo a coordenadora, elas se somarão às outras nove já encaminhadas em municípios como Itabuna, Araci, Coração de Maria, Euclides da Cunha, Itapetinga, Amélia Rodrigues e Iaçu. Feira de Santana terá também a reativação de duas residências terapêuticas.
Caps AD Pelourinho/Tratamento de dependes de álcool e outras drogas
Para a especialista, o preconceito ainda é o grande adversário no acolhimento dos pacientes mentais, mas já foi pior. "Existia uma depreciação muito grande e isso impedia que os pacientes pudessem viver melhor, com mais respeito e dignidade", avalia. Na outra faixa da luta antimanicomial, que é lembrada nacionalmente neste domingo (18), os Centros de Atendimento Psicossocial (Caps) cumprem também o papel de ressignificar a "loucura" e aproximá-la da “realidade”. Cada unidade conta com uma equipe de profissionais que tratam desde pacientes com problemas severos até dependente de álcool e outras drogas. A depender do porte do município, ou da especialidade do Caps, eles podem ter, além de psiquiatra e psicólogo, enfermeiro, assistente social, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, educador físico, farmacêutico, terapeuta ocupacional, técnico de enfermagem e oficineiros. Segundo dados atualizados da Sesab, existem 209 Caps na Bahia que são tocados pelas prefeituras. O Estado faz o papel de intermediário entre o Ministério da Saúde e as cidades. "A gente faz a vistoria do local, quando o município não tem vigilância sanitária, mas administração é feita pelas cidades", informa Carolina. No caso de municípios que têm gestão plena de saúde, como Salvador, os recursos para a administração desses locais seguem direto para a conta das prefeituras. Para poder encontrar uma unidade do Caps na Bahia clique aqui. Com a cabeça e a administração "no lugar", unidades terapêuticas e Caps podem trazer mais saúde e sanidade à saúde mental na Bahia.