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22 November 2024

João Dourado: péssimo estado de conservação de escolas coloca em risco segurança

“Só Deus mesmo para proteger os meninos e meninas da Escola Antonio Alves Monteiro, aqui no povoado da Descoberta”. O desabafo é da vereadora Rita Amaral (PT), que, nesta sexta-feira (14), visitou algumas unidades de ensino do município de João Dourado, na Região de Irecê, junto com a reportagem do Sertão Baiano. De acordo com Josué Gomes Oliveira, diretor da Antonio Alves Monteiro, a escola é a única da localidade e atende 115 crianças da Educação Infantil ao 5º ano. Apesar da importância social, a unidade está completamente destruída e os problemas na infraestrutura colocam em risco a segurança dos alunos e funcionários.



Entre os principais problemas, o diretor destaca a falta de cobertura adequada da caixa d’água, instalada a 40 cm do solo; problemas na rede elétrica e no telhado, com fios expostos e forro avariado; e falta de manutenção nos banheiros e no sistema hidráulico. “A situação é crítica! O reservatório de água foi tampado com uma grade improvisada, mas morro de medo que uma criança caia aí dentro. No banheiro, como a descarga está danificada, os dejetos sobem e caem no chão. Além disso, o teto pode desabar a qualquer momento”.



A situação é ainda mais gritante na parte externa da escola: um muro desabou há mais de um ano e ainda não foi recuperado. Por sorte, ninguém ficou ferido. Entretanto, sem a proteção, as crianças ficam expostas a toda sorte de riscos. “Qualquer um pode ter acesso à escola, bem como uma criança pode sair e se perder ou ser raptada. E o pior é que logo atrás do muro tem um curral. Esse contato direto com animais é uma porta para doenças”, alerta a vereadora Rita Amaral, que também reclama da inexistência da coleta de lixo: “os resíduos são queimados no canto do muro”.



Água da torneira e moscas na cantina



A vereadora Rosângela Cardoso (PSB), que também acompanhou a inspeção, diz que a “situação calamitosa” também se repete na sede do município. Logo na chegada da Escola Antonio da Silva Dourado, no Centro da cidade, é possível perceber entulho amontoado do lado de fora do prédio. Na parte interna, salas sujas, sem ventilação, com paredes rachadas, fiação elétrica desencapada e banheiros depredados. “É preciso fazer uma reforma geral”, observa Eunice Ferreira, professora do 3º ano Fundamental. “Sem estrutura adequada é difícil manter a motivação e oferecer educação de qualidade para as nossas crianças”, completa Maria do Socorro, que lida com 26 estudantes do 5º ano numa sala sem ventilador e sem janela.



Nesta sexta (14), na cantina da Antonio da Silva Dourado, o cardápio foi cuscuz com salsicha. Segundo a vereadora Rosângela Cardoso, uma resolução municipal impede a utilização deste tipo de “carne” na merenda escolar, em função do baixo valor nutricional. A socialista ainda chama atenção para o esgoto perto do bebedouro, que é “alimentado por uma caixa d’água ligada diretamente a rede da Embasa”. Confrontada com a situação, a diretora geral da unidade, Erilda Vieira Dourado, disse que assumiu em 6 de fevereiro, mesmo assim já discutiu o assunto com a Secretaria Municipal de Educação. “A Prefeitura fará uma reforma completa no recesso da Copa do Mundo. Mas, antes disso, alguns reparos emergenciais serão executados nos fins de semana”.



A reportagem também esteve na Creche Nossa Brinquedoteca, na Praça Cristo Rei, que atende 110 crianças de 2 e 3 anos das 8h às 16h. A diretora Cícera Ribeiro garante que a creche é bem assistida por parte do poder público. Entretanto, é possível identificar rachaduras no chão do pátio e moscas nas panelas da cantina.



As vereadoras, em associação com os demais integrantes da minoria na Câmara Municipal, entregaram um dossiê ao representante do Ministério Público na cidade denunciando o “sucateamento da rede municipal de ensino”.



A equipe do Sertão Baiano esteve na Secretaria Municipal de Educação de João Dourado, mas não encontrou o titular da pasta, Erik Pereira Machado. Segundo informações de funcionário da portaria, o gestor reservou o expediente da tarde para visitar escolas na zona rural da cidade. O Sertão Baiano também tentou, sem sucesso, contato telefônico com o representante da Prefeitura.