“Pedimos uma punição para que isso não volte a acontecer”, diz tio de técnico morto na Ribeira
A notícia da morte do técnico caiu como uma bomba na família. A mãe dele está em estado de choque; DHPP investiga suspeitos
Como seguir em frente? Esta é a pergunta que se faz a família do técnico em informática Fábio Luiz dos Santos Carmo, 33 anos, morto a tiros na noite da última sexta-feira (17), na Caravelas Pizza Bar, na Ribeira. Ele foi baleado na perna e na cabeça depois que reclamou com um homem que derramou champanhe duas vezes nele e na sua namorada, a enfermeira Patrícia Mattias.
Lamentos de parentes e amigos marcaram o sepultamento de Fábio (Foto: Betto Jr)
A notícia da morte repentina do técnico chocou a família. Abalada, a mãe de Fábio, Mária de Fátima Carmo, não tem condições de comentar o crime, revelou o tio do rapaz, Leoni Assunção. Alguns parentes da família que moram no interior ainda não foram informados do que aconteceu por medo da reação deles, que já são idosos.
O próprio tio, que passou mal após o enterro de Fábio na tarde do domingo (19), no Cemitério Campo Santo, está medicado. Para Leoni Assunção, a única solução que poderia aliviar a dor pela perda do técnico é a luta para que outros jovens baianos não passem pela mesma situação.
“Pedimos uma punição, uma providência, para que isto não volte a acontecer. Para que outros Fábios não morram, e outras famílias não passem por isso”, disse Leoni, em entrevista ao Correio24horas.
O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga o caso, ainda não divulgou informações sobre os suspeitos. No entanto, testemunhas do crime serão ouvidas pela polícia ainda nesta segunda-feira (20). Imagens das câmeras de segurança da pizzaria foram entregues à polícia e serão analisadas em busca de mais pistas sobre o homem que atirou em Fábio.
Relembre o caso
Na noite da sexta-feira (17), Fábio tinha chegado em casa após o jogo do Vitória e se preparava para dormir quando recebeu um convite da namorada. “Ela ligou e chamou ele para ir pra pizzaria. Ele primeiro disse que não queria ir porque ia sair cedo no dia seguinte, mas acabou topando”, recorda o tio do técnico, Leoni Assunção.
Fábio estava no local com a namorada, a enfermeira Patrícia Mattias, a sobrinha dela, um amigo, a prima e uma amiga. Ele teria escolhido a pizzaria para celebrar a conquista do novo emprego, que começaria no dia 1º de agosto.
Fábio foi morto depois de briga (Foto: Reprodução/Facebook)
“Testemunhas nos contaram que em outra mesa tinham três rapazes que estavam comemorando alguma outra coisa. Um deles abriu uma garrafa de champanhe e sacudiu. A bebida molhou Fábio, a namorada e outras pessoas no local”, relata Leoni.
Uma amiga de Fábio que estava no local disse que o técnico chegou a conversar com o trio, mas que de forma tranquila. “Fábio foi lá falar com eles. Mas foi tudo numa boa, eles pediram desculpa e ainda abraçaram ele”, lembrou Hanna Moraes.
Depois de um tempo, o mesmo homem voltou a comprar outra garrafa de champanhe e estourá-la, repetindo a chuva de bebida sobre as pessoas que estavam próximas.
“Nessa hora, Fábio falou: ‘porra, cara!’, mas não fez nada. Só que Ito, nosso outro amigo, se alterou e começou a discutir com o cara”, recordou a amiga. Para tentar resolver a situação, Fábio tomou à frente do amigo e foi conversar.
Foi nesse momento que o homem sacou a arma – uma pistola prata, segundo testemunhas – e disparou contra Fábio. Hanna lembra que, mesmo caído, o técnico em informática ainda conseguiu gritar para que a sobrinha da namorada, uma garota de 15 anos, se afastasse.
“Ele só conseguiu mandar ela correr e o homem chegou perto dele e atirou duas vezes no peito e no rosto”, revelou a amiga. A namorada de Fábio tinha ido ao banheiro se limpar após ter sido molhada pelo champanhe. Segundo o tio dele, o rapaz já tinha decido ir embora antes da discussão.
“Ele já estava caído no chão quando a namorada saiu do banheiro. O cara que atirou derrubou ele com um tiro na perna, e depois deu mais uns dois tiros antes de fugir”, comenta o tio de Fábio. Ontem (19), após o enterro do técnico, parentes, amigos e vizinhos se reuniram para pedir justiça. Com balões brancos e camisas que estampavam o rosto da vítima, junto com a frase “Você nunca será esquecido”.
(Foto: Betto Jr)
Eles caminharam da rua onde Fábio morava, na Ribeira, em direção à 3ª Delegacia de Polícia, do Bonfim, travando o trânsito no local, de forma pacífica, até 14h. Na porta da delegacia, cantaram o Hino Nacional Brasileiro, rezaram o Pai Nosso e pediram agilidade na resolução.
Emocionada, a mãe da vítima, Fátima Carmo, viu o ato de dentro de um carro. Dudinha – como Fábio era carinhosamente chamado pelos amigos em referência ao irmão mais velho, Eduardo –, foi enterrado sob forte comoção da mãe e de uma tia, que acabaram desmaiando no enterro.
Ainda perplexos, amigos e vizinhos descreveram Fábio como uma pessoa alegre e tranquila. “Era um brincalhão. Todas as tardes, quando eu voltada do trabalho, encontrava com ele na rua e conversávamos. Ele me dava muitos conselhos”, disse a vizinha Daniele dos Santos, 33.
Alguns vizinhos que não quiseram se identificar afirmaram que já conseguiram identificar os três homens. Segundo as informações, o homem que atirou – descrito como um rapaz alto, forte, moreno e de cabelo baixo – se chamaria Márcio Preto, seria policial e também taxista.
Os dois que o acompanhavam se chamam Márcio Rios, conhecido como Márcio China, e Cleber Santana. O delegado Guilherme Machado, do DHPP, responsável pela investigação, disse ontem que já trabalha para capturar o criminoso.
Ele não confirmou se o suspeito é um policial, conforme disseram testemunhas: “Já temos um indicativo de autoria e estamos trabalhando na tomada das medidas judiciárias”.
Por: Louise Lobato ([email protected])