Data de Hoje
29 September 2024

Aliados, sindicalistas entram em atrito com o governador Rui Costa

O momento de crise financeira pelo qual o país passa tem causado conflitos em algumas esferas administrativas e políticas. Na Bahia, com o orçamento apertado, o governo estadual tem assistido a uma gama de reivindicações que vão desde o aumento de salário, pagamentos atrasados e protestos contra cortes de gratificações. O aumento salarial oferecido pelo Executivo no primeiro semestre não ganhou apoio dos trabalhadores do setor da saúde, e é nesse campo que o governador Rui Costa enfrenta um impasse atualmente. Tal impasse chama a atenção ainda pelo fato de ter do lado dos servidores uma vereadora do PCdoB, Aladilce Souza, partido aliado do governo, mas que levanta a bandeira pró-trabalhadores.

Semelhante caso, e não menos grave, acontece com os trabalhadores terceirizados que atuam em órgãos do governo no setor de serviços gerais. No fim de semana passado, os funcionários reivindicavam o pagamento dos seus salários atrasados em frente ao Colégio Estadual Landulpho Alves, na Cidade Baixa, quando Ana Angélica Rabelo, coordenadora geral do Sindicato dos Trabalhadores em Limpeza Pública (Sindilimp-BA), e Edson Conceição Araújo, da direção executiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT-BA), foram presos pela Polícia Militar sob acusação de vandalismo. A ação da polícia instituiu uma crise política.

O Sindilimp tem como representante e defensor o vereador Luiz Carlos Suíca, do PT, que não digeriu a prisão dos companheiros e disparou críticas ao tratamento que os sindicalistas foram submetidos. “É uma manifestação justa, você não pode atrasar sua chegada ao trabalho em três minutos que é cobrado se não tiver uma justificativa plausível. O sindicato está fazendo o papel dele de defesa dos direitos dos trabalhadores. As minhas críticas são críticas que chegam aos ouvidos das pessoas e não recebo retorno negativo em relação a isso. O governo que se propõe é um governo para todos, para defender os direitos de todos. Quando você atrasa salário, acaba impactando na qualidade de vida das pessoas. Faço crítica ao governo Rui e a qualquer governo que venha maltratar os trabalhadores da forma que os terceirizados estão sendo maltratados. Não estou fazendo nada de absurdo. Foi isso que aprendi nas lutas sociais e no Partido dos Trabalhadores”, desabafou o vereador petista.

Em entrevista à Tribuna, Suíca, que é líder da oposição na Câmara de Salvador, negou que tal posicionamento contrário ao Estado e em favor dos trabalhadores possa dificultar a relação institucional com o governo Rui Costa. “Se vai atrapalhar na relação enquanto liderança da oposição, aí é um problema daqueles que acham que os trabalhadores devem passar fome. Apesar de fazer parte do Partido dos Trabalhadores, ao qual o governador também é filiado, isso não dá direito a ninguém colocar mordaça. Nenhum partido, nem ninguém vai me amordaçar enquanto eu estiver defendendo os direitos dos trabalhadores”, bradou.

O vereador petista acusou o secretário de Relações Institucionais do estado, Josias Gomes, de ordenar a prisão dos sindicalistas. “Na Polícia Militar, o chefe maior é o governador. Eu pensava que ia morrer e não veria isso em partido que eu ajudei a construir e de um governo que eu também ajudei a construir. [A ordem] Partiu de alguém. Eu achava que o governador teria que fazer uma declaração pública dizendo que ele não mandou prender ninguém, ou Josias. Josias Gomes mandou prender Ana. A polícia não ia prender, porque ela [a PM] estava lá o tempo todo acompanhando. De repente ela [Ana] vai presa?”, apontou Suíca, que rebate a possibilidade de sentar com o secretário para tratar do assunto. 

Por: Aparecido Silva / Tribuna da Bahia