Polícia investiga incêndio a centro indígena em Prado
Suspeitos também fizeram ameaças e dispararam vários tiros
A Polícia Civil de Prado, município no Extremo Sul da Bahia, investiga um incêndio criminoso no Centro Cultural dos Pataxós da aldeia Cahy, na Terra Indígena Comexatiba, distrito de Cumuruxatiba.
O incêndio aconteceu na madrugada da última terça-feira (11). De acordo com a titular da delegacia de Prado, Rosângela Santos de Souza, um grupo de homens ateou fogo no local onde os indígenas guardavam o artesanato.
Após atearem fogo no local, os suspeitos fizeram ameaças e dispararam vários tiros. Ninguém ficou ferido durante a ação. O caso foi comunicado a Polícia Federal.
De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), os indígenas relataram à fundação que o ataque aconteceu por volta da meia noite, quando seis elementos, três deles em motocicletas, atearam fogo ao centro cultural e destruíram roupas, ferramentas, instrumentos musicais e outros adereços culturais, de uso. Além disso, todo o estoque de artesanato que seria comercializado pelos indígenas da aldeia foi destruído.
Ainda segundo a Funai, os indígenas afirmaram que os elementos eram acompanhados de longe por uma caminhonete prateada onde estaria a autora da ação de reintegração de posse contra a comunidade. Na noite seguinte ao incêndio, os índios informaram que novamente indivíduos em motocicletas retornaram e atiraram contra a aldeia, mas ninguém foi atingido pelos disparos.
A provável motivação do crime seria a ocupação da área pelos indígenas, segundo informações da delegada. De acordo com a titular da delegacia de Prado, as terras onde fica atualmente o Centro Cultural dos Pataxós foi invadida pelos indígenas e anteriormente pertencia a fazendeiros e proprietários de lotes rurais. O caso foi comunicado à Polícia Federal.
A delegada informou também que já possui alguns suspeitos da autoria do crime. “Na próxima segunda-feira, inclusive, alguns desses suspeitos serão ouvidos na delegacia”, contou Rosângela.
Já prestaram depoimento também o cacique, a vice-cacique e uma indígena que foi quem comunicou a situação à polícia. O Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Teixeira de Freitas já fez a perícia no local do incêndio. O laudo está previsto para sair em 30 dias.
Em nota, a Funai pediu que as autoridades concedam uma maior presença policial na região e que os culpados pelo incêndio sejam punidos.
Por: Eduardo Bittencourt / Correio