Economistas já preveem queda do PIB em 2016, segundo relatório Focus
Para este ano, expectativa de recuo da economia piora e chega a 2,01%
RIO – As previsões dos economistas do mercado financeiro em relação ao desempenho da economia em 2015 e 2016 pioraram mais uma vez. O relatório Focus, do Banco Central, mostra pela primeira vez que este ano deve terminar com uma queda no PIB de mais de 2%, enquanto para o ano que vem a expectativa já é de retração, de 0,15%. Já as projeções em relação à inflação em 2015 deram trégua pela primeira vez após 17 semanas de alta e foram mantidas em 9,32%.
Para o PIB de 2015, a projeção dos economistas piorou pela quinta semana seguinte. No último relatório, divulgado na segunda-feira da semana passada, a expectativa era de que a economia terminasse o ano com uma retração de 1,97%. O recuo, porém, deve ser mais intenso, de 2,01%, segundo a mais recente pesquisa Focus. Há um mês, a expectativa de retração era mais modesta, de 1,70%. Há três meses, era de queda de 1,20%.
No primeiro trimestre de 2015, a economia brasileira encolheu 1,6% frente ao mesmo período de 2014. Em relação aos últimos três meses do ano passado, o recuo foi de 0,2%. O dado referente ao segundo trimestre e ao primeiro semestre deste ano será divulgado pelo IBGE no próximo dia 28. Em 2014, a economia registrou uma leve expansão de 0,1%.
E, pela primeira vez, os economistas acreditam que o PIB ficará no terreno negativo em 2016. É a segunda semana seguida de redução das expectativas. Na semana passada, a previsão era de que a economia terminasse o ano que vem estagnada. A pesquisa divulgada hoje, porém, já indica que a atividade econômica vai recuar 0,15%. Há quatro semanas, os economistas ainda acreditavam em uma alta de 0,33% no PIB do ano que vem. Em 5 de junho, a pesquisa ainda indicava que haveria uma expansão de 1% na economia. Desde então, a trajetória é de queda.
Em relação ao IPCA, após 17 semanas seguidas de elevação da expectativa para a taxa oficial deste ano, os economistas mantiveram os mesmos 9,32% da semana passada. Apesar disso, se confirmado o percentual, será a maior inflação desde 2002. Em julho, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 9,56%, segundo o IBGE.
Já em 2016, a inflação deve ficar em 5,44%, com uma leve alta frente ao dado projetado na semana passada, que foi de 5,43%. Há quatro semanas, no entanto, os economistas apostavam em 5,40%.
A meta de inflação estipulada pelo BC é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para baixo ou para cima. Assim, tanto em 2015 quanto em 2016 o IPCA previsto pelos economistas deve ficar fora do centro do alvo do governo.
A cotação do dólar no fim deste ano e do próximo também foi revista pelos economistas consultados pelo Banco Central. Em 2015, a moeda americana deve fechar o ano em R$ 3,48. O valor é bem superior aos R$ 3,40 projetados na semana passada e marca a quarta elevação seguida. Há apenas quatro semanas, a cotação esperada era de R$ 3,23 no fim deste ano.
Para 2016, a expectativa também é de alta em relação à moeda americana. Os economistas acreditam que a moeda ficará em R$ 3,60 no fim do ano — a terceira alta consecutiva e também bem acima dos R$ 3,50 do último Focus. Há um mês, esperava-se que a divisa americana fechasse o ano que vem em R$ 3,40.
A taxa básica de juros, a Selic, ficou mantida em 14,25%, segundo o Focus. Desde agosto do ano passado, o Banco Central vem aumentado a taxa de juros, que passou de 11% ao ano para os atuais 14,25% ao ano. Já para o ano que vem, a previsão do Focus mostra leve queda frente ao relatório anterior, de 12% para 11,88%.
Por: Andrea Freitas / O Globo