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28 September 2024

Estrutura do zoo é alvo de reclamações de visitantes


 
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    Espaços como o de jacarés-de-coroa estão fechados e sem animais expostos porque vão ser reformados

Uma das poucas opções de lazer gratuita  da capital baiana, o Jardim Zoológico de Salvador, em Ondina, apresenta atualmente uma estrutura precária, segundo usuários e funcionários. A quantidade de animais também é alvo de reclamações, principalmente do público infantil.

A professora Marisa Protázio, 41 anos, levou os três filhos ao local para mostrar a variedade de bichos, mas no meio do caminho desistiu do passeio. "Na parte inicial, vi que está bem cuidado, mas não há animal. A gente preferiu voltar do meio do caminho. Falta atrativo", disse.

No retorno, a professora ainda levou a filha ao banheiro. "Foi constrangedor. As torneiras nem funcionam. Além disto, acho que deveria ter atividades lúdicas todos os dias para o foco não ficar só nos animais", afirmou.

Um dos animais de destaque – o leão – está, segundo funcionários do zoo, em quarentena por conta da idade avançada. Vinculado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), o local costuma receber, por mês, 45 mil pessoas. Nele, há, segundo a assessoria do órgão estadual, 1.700 animais, distribuídos em 98 recintos.

Às vezes, é necessário, ainda segundo a assessoria, "aguardar para que eles saiam de uma toca ou se movimentem entre os abrigos". Desde 2008, o zoo passou a trabalhar apenas com a fauna brasileira. Hoje, 95% são de animais brasileiros e 5% de exóticos. Desde 1998, por exemplo, não há girafas.

Primogênito ficou com a mãe e o mais novo, no berçário (Marco Aurélio Martins | Ag. A 

"Temos cada vez menos no plantel animais da megafauna, de maior porte e que chamam mais a atenção, como elefantes, búfalos, antílopes, leões, rinocerontes etc. Os da fauna brasileira possuem um porte menor, necessitando de atenção para serem identificados e contemplados", destacou, em nota, a assessoria da Sema.

Falta manutenção

O administrador Luiz Fernando Dantas, 46, levou o filho e o sobrinho, ambos de 5 anos, para passear no zoológico, mas se surpreendeu com o que encontrou.

"Está muito precário. Falta manutenção. O visual está feio. As crianças ficaram perguntando 'cadê os animais'? O matagal está cobrindo os animais. Um lugar tão bonito como este deveria ser mais bem cuidado", reclamou o administrador, enquanto as crianças tentavam ver cobras no setor de répteis. "Não há nem iluminação direito. Falta planejar e  manter. Precisa revitalizar", acrescentou.

No setor, vidros de uma janela quebrados e madeirites envolvem o local. Segundo a Sema, a ala está interditada desde 2011 pelo Ibama. Uma empresa foi contratada, via licitação, para realizar um projeto executivo, mas teve o contrato cancelado porque não cumpriu os prazos.

A poucos metros, uma corrente em portão de madeira exibe a interdição no setor de primatas, fechado para  obras. "Precisa mesmo reformar", disse um funcionário, sem se identificar.

Um pouco mais à frente, uma jaula com uma cobra  não dispõe de uma placa de identificação da espécie como as demais.

Em reforma

Perto do final do percurso, a ala do jacaré-de-coroa exibe material de construção. A previsão é que seja construído um espaço que possibilite às pessoas  uma visão subaquática dos répteis.

Marisa levou os filhos para ver os poucos  bichos (Marco Aurélio Martins | Ag. A TARDE)

Na trilha de visitantes, há muito barro, que desceu da encosta devido às chuvas e ficou acumulado na calha de drenagem.  A Sema informou que "solicitou um lava-jato para  auxiliar no  serviço".

"Acho que está deixando a desejar. Precisa de um investimento maior no espaço, uma melhor administração. Parece que está abandonado", opinou o autônomo Daniel Cerqueira, 44.

Se a expectativa da garotada é, antes do término do percurso, ver um urso de perto, só uma boa conversa para fazê-las se satisfazer com aves. A parte onde fica a jaula do urso também está sendo reformada. O prazo é que seja finalizada até julho.

"Precisa melhorar a estrutura física e tirar boa parte desse mato. As pessoas vêm ver os bichos e reclamam que só há mato. Nunca ficou assim tão alto", contou a vendedora  Naiara Santos, 18.