Instituído o ‘Dia Municipal do Tradutor-Intérprete de Libras’; projeto virou lei em Salvador
Foi sancionada nesta segunda-feira (24) pelo Executivo de Salvador a Lei (Nº. 8.860/2015) que institui, na data de 26 de julho, o ‘Dia Municipal do Tradutor Intérprete de Libras [Língua Brasileira de Sinais]’. Oficializado no calendário do município como símbolo de reflexão sobre a atuação desse profissional nas relações de pessoas surdas e mudas, o projeto, de autoria do vereador e líder da oposição na Câmara de Salvador, Luiz Carlos Suíca (PT), deverá ser anualmente comemorado por entidades especializadas no tema e pelos soteropolitanos. “A intenção é apresentar à população sobre direitos que possuem para melhoria da qualidade de vida e inclusão social. A presença destes profissionais em escolas e instituições públicas e privadas auxilia cidadãos nas suas formas de comunicação e, mais que isso, aproxima a pessoa humana do seu convívio social”, explica o edil petista.
Com mais de 10 anos de atuação, a pedagoga Lijiane Souza Rogaciano avalia que “a sociedade ainda tem muitos tabus para lidar com pessoas que possuem deficiências”. “Cheguei a receber um aluno surdo que era de outra turma, até avançada, para uma que ensinava, porque as outras professoras não sabiam como lidar com a situação. Também há mais outros dois funcionários com situação semelhantes”, conta. Além de colaborar em escolas da Educação Básica, desenvolve atividades na igreja evangélica onde congrega, no bairro de Capelinha. “Na verdade, comecei como tradutora-intérprete de libras na igreja, quando ministrei um curso de ‘especialidades’ com crianças e adolescentes. Há pessoas com deficiências na igreja também. Muitos olham com estranheza o fato de uma pessoa ter dificuldade de se comunicar. Não podemos ignorar isso. Foi, então, o que me motivou a buscar qualificação na área”, expõe.
O reconhecimento das diferenças e o fortalecimento da autonomia das pessoas deficientes são sugestões apontadas pela coordenadora da Assessoria de Acessibilidade do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF Baiano), Cristiane Brito. “Empresas e instituições precisam adequar seus espaços físicos e sociais como forma de desenvolver igualdade em meio às diversidades. Os profissionais devem especializar suas ações para um público de pessoas que talvez não possa falar ou ouvir como uma maioria, mas que também comunica”, enfatiza. Quem segue essa determinação a risca é o Tribunal Regional do Trabalho na Bahia (TRT5). Em 2013, o órgão teve iniciativa pioneira no Judiciário brasileiro ao contratar 18 pessoas com deficiência auditiva para digitalizar processos. Hoje, não só surdos e mudos, mas também, os servidores provam que aprenderam muito com uma profissional de Libras.
“No começo, foi difícil conviver com pessoas que não te escutam ou que você não escuta. Mas, a intérprete nos ajudou a criar formas alternativas de comunicação com essa equipe”, relata o Diretor da Coordenação Judicial de Segunda Estância do TRT5, setor da digitalização de processos, Tiago Peixoto. “Pouco sabemos de Libras, mas foi com essa profissional que nos aproximamos mais da equipe”, conclui.