Transporte clandestino no Aeroporto de Salvador revolta taxistas
Taxistas se revoltam com transporte alternativo no Aeroporto de Salvador, pois não podem competir com os preços
O transporte alternativo de pessoas, como o do famoso “Uber”, que tem revoltado os taxistas em algumas capitais do Brasil, também existe em Salvador. O problema é semelhante para os trabalhadores que ficam no Aeroporto Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães e pagam todos os impostos para ter a licença.
Em contato com a reportagem do Varela Notícias, os taxistas denunciaram que é muito fácil ver os clandestinos atuando no local. “Eles ficam no estacionamento, até usam crachá. É fácil vê-los e é um problema que existe há muito tempo”, disse o taxista Rodrigo Leonel. O problema não é tão atual como aparenta ser. “Estou aqui há um ano, e sempre teve esse problema”, completou Leonel.
A guerra entre as duas modalidades é frenética e ambos buscam os clientes que acabam de sair do saguão do aeroporto. Coordenadores de táxi fazem de tudo para que o cidadão escolha a modalidade certa e legal. Um dos coordenadores dos taxistas, que não quis revelar a identidade, afirma que desde o ano passado essa rixa está mais intensa. “Eles ficam direto aqui e podem ser vistos facilmente. Competir com eles é muito difícil, porque eles não têm taxímetro e colocam preços mais baixos pra eles e conseguem roubar nossos passageiros”, desabafou.
O caso é tão grave que já houveram denúncias feitas contra esses transportes ilegais no Ministério Público Estadual e no Ministério Público Federal. Um dos denunciadores dessas infrações é o coordenador de táxis no Aeroporto de Salvador, Reginald Cohin, uma pessoa bastante ativa no combate de transportes ilegais na capital baiana. “Isso existe há uns 4 anos e, nesse ano, piorou demais. Tenho denunciado isso em todos os lugares… Ministério Público, já tenho três queixas registradas na polícia, tenho procurado emissoras de TV, a imprensa, sou um opositor desse tipo de atividade que eles fazem”, dispara. A atividade dos clandestinos é ainda maior durante o período da noite, segundo ele.
O ativismo de Cohin já lhe trouxe problemas e ele disse que já foi agredido pelos motoristas alternativos e até já sofreu ameaça de morte por conta das denúncias que ele fez. “Já me agrediram e até me ameaçaram de morte, mas eu não me calo, eu denuncio mesmo. Sei que eles estão errados e espero que algo seja feito para isso acabar de vez”, contou.
Já o policial que fica no local e não quis se identificar, afirmou ao VN que essa situação melhorou nos últimos tempos, pois eles realizavam a ação dentro do aeroporto – o que já não existe atualmente. Agora, a ação acontece no lado de fora. “Essa situação ocorre já faz muito tempo, e antes era bem pior, pois eles realizavam a ação dentro dos aeroportos, mas nós chegamos aqui e agora eles só conseguem fazer do lado de fora que a gente não está”, relatou.
O órgão regulador das atividades desses transportes na Bahia é a Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transporte e Comunicações da Bahia (Agerba), que confirma o aumento de 400% nos últimos três anos no número de ilegais flagrados, saindo de 1.800 para 8.000 autos de infração anuais.
A rixa existe e está crescendo na capital baiana. Taxistas e motoristas de transporte alternativo estão longe de entrar em acordo. E os motoristas dos táxis não aceitam que seus clientes sejam “roubados” por eles não poderem concorrer com os preços dos outros, por causa de procedimentos legais, e a revolta a classe taxista que está sedenta para um fim dessa história e que essa modalidade seja combatida de maneira firme e definitiva.
Por: Vinícius Nunes / VN