Refugiados resgatados por corveta brasileira não comiam há dois dias, conta comandante
Em entrevista ao portal G1, Alexandre Amendoeira Nunes relatou drama humanitário de migrantes à deriva; ministro elogia ação
RIO – Boa parte dos 220 refugiados resgatados no Mediterrâneo pela corveta Barroso, da Marinha brasileira, estavam sem comer há 48 horas, revelou o comandante Alexandre Amendoeira Nunes ao portal G1. Salvos na tarde de sexta-feira (hora local), a centenas de quilômetros da costa italiana, eles desembarcaram no porto de Messina no início da noite para serem registrados.
Corveta da Marinha brasileira resgata 220 refugiados
“Os tripulantes estavam em dificuldades, o combustível estava acabando e estavam com pouca comida. Como o peso estava mal distribuído, a embarcação estava adernada de lado, já. Pelo que nos relataram, não havia um local específico de destino, buscavam qualquer local que pudessem desembarcar em solo italiano”, contou o oficial ao G1
Segundo Nunes, a maioria dos imigrantes é síria ou líbia — muitas famílias estavam a bordo, incluindo 37 crianças. Eles saíram de Benghazi, na Líbia, trajeto muito utilizado por refugiados. Com o acionamento da Guarda Costeira italiana, a corveta se deslocou do caminho que fazia para uma força-tarefa no Líbano.
Resgatados, os migrantes receberam primeiros socorros e corroboraram que a embarcação estava superlotada com pessoas que tentavam fugir da guerra ou da miséria
Estavam em busca de melhores condições de vida, e também de um local que pudessem trabalhar, onde não houvesse conflito. Fugiam da violência”, contou o comandante, que afirmou ainda que os resgatados ficaram muito gratos. “A maioria estava só com a roupa do corpo. Alguns, as mulheres em especial, levavam mochilas com roupas para as crianças e documentos.”
Assim que foi informado do sucesso da operação da corveta , o ministro da Defesa, Jaques Wagner, telefonou para a presidente Dilma Rousseff para contar o episódio. O ministro elogiou o capitão Amendoeira Nunes, que comandava a corveta, e sua tripulação.
“Ainda que tenha cumprido as normas do Direito Internacional ligada à questão humanitária, destaco a forma rápida e eficiente da ação realizada”, escreveu em nota divulgada neste sábado. “O navio estava indo para o Líbano e acabou cumprindo outra missão humanitária, que é o resgate de refugiados, hoje uma preocupação que aflige o mundo inteiro. Foram salvas 220 vidas e evitamos outras mortes”, disse o ministro.
A rota via Mediterrâneo é uma das mais buscadas por refugiados. Somente neste ano, mais que o triplo de migrantes do mesmo período de 2014 já atravessou o mar.