Acidente com ônibus em Paraty deixa ao menos 15 mortos e mais de 60 feridos
O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro informou que ao menos 15 pessoas morreram e e 66 ficaram feridos em um grave acidente com um ônibus em Paraty, município na Costa Verde do Estado, na manhã deste domingo (6). Até o início da noite, pelo menos quatro feridos corriam risco de morte. O número total de feridos foi divulgado pela Prefeitura de Paraty às 21h. A estimativa anterior era de cerca de 50 feridos.
Subiu também o número de passageiros. O ônibus da Viação Colitur transportava pelo menos 81 pessoas –a maioria turistas que aproveitavam o feriado prolongado, segundo a prefeitura– e fazia o trajeto entre a rodoviária, no centro de Paraty, e a praia de Trindade, a cerca de 30 km de distância. Às 11h ele iniciou a viagem rumo à praia, que dura cerca de 50 minutos, e tombou quando passava por um trecho estreito e sinuoso do Morro do Deus Me Livre, na estradinha que liga Trindade à rodovia Rio-Santos.
Nenhum outro veículo se envolveu, mas até a noite não havia detalhes sobre a causa do acidente. A principal suspeita da Polícia Civil é de que o ônibus tenha sofrido uma falha mecânica, mas só o laudo da perícia poderá apontar o que houve. A 167ª Delegacia de Polícia (DP), em Paraty, instaurou inquérito para investigar as circunstâncias do acidente e avalia que provavelmente houvesse superlotação– segundo informações preliminares, o veículo tinha autorização para transportar no máximo 45 pessoas.
O motorista do ônibus, Marcel Magalhães Silva, 50, sobreviveu. Ele sofreu traumatismo craniano e está internado, mas, segundo a empresa de ônibus, não corre risco de morte. A cobradora Maria Marta também sobreviveu. Embora ferida, não corre risco de morte e está internada no hospital de Paraty.
A relação dos mortos não havia sido divulgado até o início da noite deste domingo pelo IML (Instituto Médico Legal) de Angra dos Reis, para onde os corpos foram levados. A maioria dos feridos foi encaminhada para o Hospital Municipal São Pedro de Alcântara, em Paraty, em dois helicópteros do Corpo de Bombeiros. Na unidade de saúde foi organizada uma força-tarefa para atendimento e triagem. Os pacientes em estado mais grave foram transferidos para três hospitais de cidades vizinhas: a Santa Casa de Ubatuba, no litoral norte paulista, o Hospital Geral da Japuíba e o Hospital de Praia Brava, em Angra dos Reis (cidade da Costa Verde fluminense).
Às 18 horas de domingo, entre 30 e 35 feridos estavam no hospital de Paraty, pelo menos 14 feridos estavam no Hospital da Praia Brava e 5 eram atendidos na Santa Casa de Ubatuba. Não havia informações sobre os feridos atendidos no Hospital Geral da Japuíba. O motorista está internado em Ubatuba, onde também foram hospitalizados um homem de 31 anos e um de 35, ambos com traumatismos craniano e de tórax.
Em nota, a Viação Colitur lamentou o desastre e informou que “está apurando as causas do acidente” e “prestando todo o apoio às vítimas e aos familiares”. Segundo José de Jesus, coordenador de pátio da empresa, “a estrada é muito perigosa”. “O ônibus só roda em primeira marcha”, acrescentou.
De acordo com o prefeito de Paraty, Carlos José Gama de Miranda (PT), a estrada foi asfaltada há 12 anos e está em bom estado, embora seja íngreme e bastante sinuosa. A prefeitura cancelou um show musical que ocorreria ontem como parte da festa em homenagem à Nossa Senhora dos Remédios, padroeira de Paraty
Trindade é uma das praias mais famosas de Paraty, na divisa com São Paulo. O acesso é complicado. Para chegar lá o único caminho é a estrada que passa pelo Morro do Deus me Livre. Com cerca de 7 quilômetros de extensão, a estradinha assusta os visitantes, pois além de íngreme, a pista é muito apertada, com passagens em que não cabem dois veículos ao mesmo tempo. Além disso, há despenhadeiros sem acostamento e grades de proteção. Na chegada à praia, os veículos passam até por um riacho, que torna-se caudaloso quando chove.
A estrada foi parcialmente interditada logo após o acidente. Até as 19 horas, segundo a Guarda Municipal, o trecho funcionava em esquema “pare e siga”, em que os dois sentidos eram atendidos alternadamente por uma só pista.