Mercado fica na expectativa com anúncio de cortes após rebaixamento da nota
surpresa com o antecipação do rebaixamento da nota o Brasil para o grau especulativo feita pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s, ontem, abalou os mercados brasileiros e fez a bolsa e o dólar recuarem mais de 2% pela manhã desta quinta-feira (10/09). O nível do Credit Default Swap (CDS), seguro de crédito contra calote, subiu hoje e chegou a 394 pontos, pior que o da Rússia, de acordo com dados da XP Investimentos.
A reunião ministerial de emergência convocada pela presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto criou uma expectativa grande no mercado e evitou que o quadro piorasse. Agora, a esperança é de uma sinalização positiva de aumento da autonomia do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que é o único bastião de confiança dos investidores na equipe econômica. Levy deverá anunciar os primeiros cortes sem que outro ministro heterodoxo fique a seu lado, como o Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil). Isso foi entendido como um sinal do governo para tentar transmitir mais credibilidade no ajuste fiscal que Levy vem tentando realizar, mas não teve sucesso nesses nove meses de governo.
Com essa sinalização, o dólar, que chegou a bater R$ 3,90 pela manhã, recuou para R$ 3,84, no início da tarde. E a queda da Bovespa, que tinha ultrapassado 2% pela manhã, estava em 0,5% por volta das 14h20.
“É preciso que o governo parta para a prática e deixe a teoria de lado. Vamos ver se ele vai lançar cortes e é necessário que o Planalto sinalize que estará realizando mudanças de verdade. Acho que o governo sentiu o baque (do rebaixamento) e vai reagir positivamente. Por isso, o mercado não está sendo tão cruel”, disse em relação à recuada do dólar, lembrando que o leilão de linha de crédito do Banco Central, de US$ 1,5 bilhão, também ajudou a essa diminuição da alta no câmbio. “Se essa sinalização não ocorrer, certamente, o dólar a R$ 4 será o piso”, disse o estrategista da XP Investimentos em Nova York, Daniel Cunha.
Na avaliação do economista, a S&P deixou bem claro que a questão fiscal pesou na decisão e se o governo não tomar atitude na direção do equilíbrio das contas públicas. “A agência manteve a perspectiva negativa. Isso significa que, se o quadro não melhorar, a agência deverá rebaixar novamente o país ainda neste ano”, alertou.
A entrevista coletiva de Levy, marcada para as 14h30, deverá atrasar porque, neste momento, o ministro está reunido com senadores.