Dólar turismo chega a R$ 4,56 em casas de câmbio de Salvador
O dólar comercial fechou nesta terça-feira, 22, no patamar de R$ 4,05 – a maior cotação nominal já alcançada pela moeda norte-americana desde a criação do Plano Real, em 1º julho de 1994. As incertezas em relação à economia causadas pela crise política e fiscal são apontadas por especialistas como as principais causas.
Nas casas de câmbio de Salvador, o dólar turismo chegou a ser vendido, em espécie, por R$ 4,34, na Confidence Câmbio, que tem o preço tabelado em todas as quatro unidades em Salvador. No cartão pré-pago, a cotação chega a R$ 4,56.
A publicitária Flávia Prates, com viagem marcada para os Estados Unidos e com receio de que o dólar ficasse ainda mais alto antes da viagem, foi nesta terça a uma casa de câmbio buscar os dólares que havia comprado.
“Na situação atual a tendência é que o dólar suba. Antes de viajar sempre fico na especulação, ligo sempre na segunda-feira para as casas de câmbio para saber dos preços. Está tudo muito caro lá fora, até tentei não viajar por causa da alta do dólar”, conta a publicitária.
Adiar viagens ainda não compradas e antecipar a compra do dólar são as dicas dadas por especialistas para enfrentar o momento. A economista da EY Auditores Independetes, Shirley Silva, explica que a alta do dólar é motivada pela turbulência econômica e política, duas variáveis que não têm perspectiva de solução a curto prazo.
Ajuste fiscal
“Precisamos de uma boa vontade dos políticos para por em votação as medidas de ajuste fiscal, e que e elas comecem a vigorar. Como nada disso são medidas que são implantadas rapidamente, não há perspectiva de solução a curto prazo”, afirma Silva.
“Se a viagem não for extremamente necessária, mude os planos, faça uma viagem para o sul ou para o norte do país. Caso sejam compromissos assumidos, de fato não tem muito jeito, a cotação que está aí apresenta uma tendência de ser crescente”, completa.
É o que também acredita o economista da Az Futurainvest, Carlos Cardoso. “Observando o contexto da economia atual brasileira e olhando as perspectivas de curto prazo, conseguir adquirir dólar a R$ 4,20 é um valor interessante”, diz Cardoso.
O economista ressalta que os brasileiros, que até ano passado compravam o dólar a R$ 2,30 podem estranhar a sua afirmação. “Quando você compara há um ano atrás, com o dólar a R$ 2,30, você pode tomar um susto, mas a economia brasileira passou por um processo forte dedeteriorização, o processo não aponta um sinal de reversão, tende a piorar um pouco nos próximos meses antes de ter uma melhora”.
Para a compra de dólar, valem as mesmas dicas de qualquer transação comercial, como pesquisa e a barganha e a fidelização. Em uma pesquisa feita em sete instituições financeiras da capital baiana, foram encontrados preços entre R$ 4,34 e R$ 4,20. A Prime Câmbio, no Shopping Paseo, que começou o dia anunciando a R$ 4,20, chegou a oferecer a R$ 4,17 no final do dia.
Segundo o sócio da Prime Câmbio, Lisandro Gomes, a procura por dólar aumentou no início da semana por causa do temor de uma possível alta para o patamar de R$ 4,50. Gomes conta que uma das estratégias de seus clientes é pesquisar entre várias casas de câmbio e barganhar o preço.
“As pessoas sempre podem barganhar e é o que elas mais fazem. A depender do cliente e da fidelização com a instituição financeira e do valor comprado, é possível abrir mão de uma parte da margem de lucro para fechar um negócio”, disse.
Quem tinha dólares em mãos e estava esperando um momento para a troca vê o cenário atual como uma oportunidade. É o caso do estudante de medicina Pedro Balthazar, que acabou de voltar de uma viagem aos Estados Unidos e tinha dólares para trocar por reais. “Vou usar o valor para viajar, mas dessa vez pelo Brasil, vou fazer uma viagem pelo Nordeste”, conta.