Rombo de R$ 10 bilhões deve chegar às contas dos consumidores de todo país
Caixas das distribuidoras seguem no vermelho
O fluxo de caixa das distribuidoras de energia do país ainda precisa ser ajustado e o rombo, de quase R$10 bilhões de reais, deve ser repassado ao consumidor, segundo aponta matéria do jornal O Estado de São Paulo.
O valor é mais de dez vezes maior do que a despesa que é usualmente “carregada” pelo setor, da ordem de R$ 800 milhões, segundo a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee).
De acordo com o presidente da entidade, Nelson Fonseca Leite, o “tarifaço” de energia ocorrido neste ano não foi suficiente para equilibrar as contas. “O setor está suportando um custo da ordem de 100% do Ebitda (sigla em inglês para Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), quando o normal é o carregamento em torno de 6 % a 8% do Ebitda, algo como R$ 800 milhões por ano”, afirmou.
A alta do custo ocorre por pressão da chamada CVA: conta que absorve a diferença de custo não repassado à tarifa, e acumula valores devidos. O reajuste das distribuidoras é feito apenas uma vez ao ano.
Durante os 12 meses seguintes, qualquer custo adicional é contabilizado na CVA e considerado no cálculo reajuste seguinte. Em 2015, explica Fonseca, houve o impacto da alta do dólar sobre a tarifa de Itaipu e as conta bandeiras, por exemplo. Além disso, há um valor a pagar de 2014 que soma R$ 2,5 bilhões, segundo a Abradee.
O desarranjo no fluxo de caixa das distribuidoras de energia, setor que já precisou de aporte de mais de R$ 21 bilhões de bancos entre 2014 e o início deste ano, ocorre em um momento particular vivido pelas distribuidoras.
Desde julho passado, mais de 30 atuam sem qualquer proteção legal, uma vez que os contratos de concessão estão encerrados. A assinatura de aditivo de prorrogação está prevista para ocorrer até outubro, mas enquanto esse impasse não é resolvido as distribuidoras enfrentam dificuldades para acessar novas fontes de financiamento.
A bandeira tarifária para este mês de outubro segue vermelha para todos os consumidores brasileiros, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), o que significa um acréscimo de R$4,50 a cada 100 quilowatts-hora consumidos.