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26 November 2024
Foto: Reprodução/ TV Globo

Cratera aberta durante escavação de túnel força transferência de famílias em Salvador

Uma cratera aberta no bairro da Boa Vista do Lobato neste domingo (4), durante as obras de implantação do túnel do Corredor Transversal 1, na Ligação Lobato-Pirajá, forçou a retirada de mais de 10 famílias do local.

De acordo com a  Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), ocorreu uma fuga de material sob o piso de uma casa localizada na Rua Osvaldo Martins de Castro. Após constatada a situação, uma equipe da Coordenação Social da Conder providenciou a transferência da família deste único imóvel afetado para local seguro.

Por medida de precaução, mais 12 famílias residentes em imóveis vizinhos também foram transferidas para imóveis alugados. O processo de transferência de mais 10 famílias deve prosseguir nesta segunda-feira (5), com todas as despesas por conta do Consórcio Transoceânico Salvador (CTS), responsável pela execução da obra do Corredor Transversal 1, incluindo a construção do túnel.

De acordo com moradores, o problema começou no sábado (3), quando uma implosão foi feita no local por conta das obras. Segundo moradores, um segurança da obra orientou a evacuação das residências porque as paredes do túnel teriam trincado.

Os primeiros impactos da situação teriam sido sentidos na Rua São Barnabé, que fica acima da Rua Boaventura, onde nesta segunda-feira (5) a cratera surgiu. Ainda na noite de sábado (3), oito famílias saíram de casa e só retornaram depois das 22h, quando técnicos da obra afirmaram não haver riscos de desabamentos.

Ainda de acordo com os moradores, no domingo (4), foi constatada que o quarto de uma casa havia desabado após ser atingido por um deslizamento de terra. Foi nesse momento, que equipes técnicas da obra e da Conder, decidiram retirar os moradores dessa casa e, por precaução, retirar outras famílias vizinhas.

De acordo com o líder comunitário José Ausgusto, desde o sábado (3), moradores alertaram às equipes técnicas sobre a necessidade de se isolar uma área maior do bairro, já que algumas casas começaram a apresentar rachaduras. O pedido, no entanto, não foi atendido porque segundo avaliação técnica a área não oferecia riscos.

Ainda segundo moradores, no total, mais de 30 famílias foram retiradas de suas casas: oito da Rua Osvaldo Martins de Castro, onze na Rua Paulo Geovane e 18 na Rua Boaventura. “A gente acordou 5h50 (de domingo) com o povo gritando que a rua estava cedendo e que a casa estava desabando. Saí com os documentos e com roupa para dois dias. Você entra em pânico quando está em uma situação dessa, não acredita que aquilo está acontecendo. É muito difícil, só sabe quem passou por isso. Você vai tirar seu filho e levar para onde?”, questionou a manicure Regina Damasceno, que teve de deixar a casa em que vive com o filho e o marido às pressas quando percebeu que havia cerca de 15 fissuras na parede. Na manhã desta segunda-feira (5), a casa em que ela mora foi condenada. “Quando você vai sem mudar, você tem tempo, mas assim, de uma hora pra outra, você fica sem chão”, desabafou.

Foto: Rogerio Batista / Leitor Correio

Foto: Rogerio Batista / Leitor Correio

Moradores denunciaram que a presença de alguns minadouros não foram avaliadas pelos reponsáveis pela obra. Por conta disso, após os problemas com a escavação do túnel neste final de semana, também foram constatados vazamentos de água no local.

A maioria dos moradores tem usado o valor de R$ 500 do aluguel social concedido pela concessionária responsável pela obra para conseguir um imóvel próximo ao local. Segundo moradores, após a abertura da cratera foi ampliada a área de isolamento.

Segundo a Conder, foram instalados dispositivos para controle de recalques em diversos locais no entorno do imóvel onde ocorreu a fuga de material,  e as leituras obtidas desde a manhã de domingo até a tarde desta segunda-feira (4) não apresentam variação, caracterizando a estabilidade da camada de solo sobre o túnel.

Técnicos especializados em escavações de túneis estão executando serviço no local para impedir qualquer nova fuga de material neste ponto. As causas do problema ainda são investigadas.

Corredor Transversal 1

O Corredor Transversal 1 terá aproximadamente 13 km, começando na Orla Atlântica, seguindo pela Pinto de Aguiar, fazendo ligação com a Avenida Gal Costa e se estendendo até os bairros de Capelinha e Pirajá, para finalmente chegar à avenida Suburbana, no Lobato.

Por Clarissa Pacheco e Marília Moreira / Correio