Pais criam movimento e cobram de escolas da Pituba e região reforço na segurança
Movimento quer mais câmeras e novas estratégias para evitar crimes
Criado em novembro do ano passado por pais de alunos de escolas dos bairros da Pituba, Itaigara e Caminho das Árvores, o Movimento Escola Segura torna real, hoje, um dos principais projetos de suas atividades, iniciadas no ambiente virtual, por meio do Facebook.
O grupo, criado na rede social para discutir os problemas de segurança que envolvem as unidades de ensino e seu entorno, terá em um ato às 20h, no Colégio Anchietinha, no Loteamento Aquarius, na Pituba, a garantia de 12 das 40 escolas da região (37 particulares e três públicas) de medidas para coibir ações violentas contra a comunidade escolar
Entre as ações previstas em um termo de compromisso estão a instalação e manutenção de câmeras externas de segurança, treinamento de porteiros, acolhimento e participação em eventos promovidos pela Polícia Militar que visam a assegurar o bem-estar dos cerca de 10 mil alunos, até 17 anos, que estudam na região.
O Escola Segura é encabeçado por cinco pais de alunos, mas recebe apoio de outras centenas, segundo o grupo, e já levou demandas ao secretário estadual da Segurança Pública, Maurício Barbosa, e aos comandantes das Companhias Independentes de Polícia Militar (CIPMs) da Pituba e do Iguatemi, que atuam na área. Em pauta, invariavelmente, a sensação de insegurança, principalmente na porta das instituições, que também tem sido discutida com os diretores dos colégios.
Pai de aluno de uma escola no Loteamento Aquarius, o engenheiro mecânico Eduardo Sousa, 37 anos, é atuante no movimento e ressalta a participação da PM como parceira. “Temos observado com mais frequência a realização de blitz e um maior policiamento na região e esperamos conseguir manter a nossa liberdade e a dos nossos filhos”, comentou.
Vítimas
O filho de 11 anos da procuradora do estado Maria Dulce Baleeiro, 42, foi assaltado em março deste ano, quando esperava por ela na porta do colégio. O outro filho, 16, foi vítima do mesmo crime no mês seguinte, quando estava em um restaurante ao lado da escola com mais cinco amigos.
Antes, em maio do ano passado, o alvo foi a própria Maria Dulce, que teve uma corrente roubada após ser abordada por um bandido armado. Após esse histórico, não é de se estranhar que ela seja hoje uma das líderes do Escola Segura.
“A ideia é que este movimento faça a interlocução entre escolas e segurança pública. A gente entende que a questão é de segurança pública e não patrimonial”, explicou ela. Estudante do 1º ano do Colégio São Paulo, no Itaigara, Maria Luiza Rezende foi vítima de um assalto quando chegava à escola, que fica a poucos metros de sua casa.
Acostumada com o caminho, ela e uma colega caminhavam até a instituição quando um rapaz desceu de um carro que estava parado na rua. “Já estávamos chegando no colégio, quando ele nos abordou e pediu nossos celulares. Corremos, mas fiquei um pouco para trás e ele puxou a gola da minha camisa, levando a corrente”, relatou a jovem, que reagiu e pediu por socorro.
Quando um funcionário da escola viu a situação e tentou acudir a jovem, o assaltante fez menção de que pegaria uma arma. Foi-se a corrente, ficou o trauma. “Não vou mais andando para o colégio. Não foi nem uma situação tão grave, mas fica um receio enorme”, disse.
Reagir, entretanto, não é o indicado. Para o diretor do Colégio Estadual Raphael Serravale, na Pituba, além de pensar em novas estratégias para evitar esses crimes, os educadores e até a polícia devem orientar a comunidade. “A situação da Pituba está muito complicada. A gente orienta os alunos a não sair sozinhos, andar em grupo e não reagir. Aqui, temos câmeras internas e a entrada do aluno é apenas através de identificação, para evitar pessoas estranhas”, declarou.
Enquanto a insegurança continua, os estudantes buscam alternativas pra se proteger. “Tem ladrão que fica escondido, com a arma na mão. Aí a gente adianta o passo, corre e esconde o celular na roupa”, contou a estudante do 6º ano Emilly Bastos, 12.
Alguns colégios resolveram apostar na tecnologia para segurança dos alunos, familiares e professores. “Temos câmeras de longo alcance, central de monitoramento e pessoas de plantão. Na praça, temos vigias. Nosso trabalho é em consonância com a polícia”, reforçou João Batista, diretor do Anchieta, que tem 2 mil alunos.
Policiamento
Para o capitão Jorge Ramos, da 35ª CIPM (Iguatemi), o compromisso da PM é reformar o policiamento ostensivo nessas áreas. “Damos atenção especial na saída e na entrada de alunos com motocicletas e viaturas”, ressaltou.
De acordo com o coronel Saulo da Costa, da 13ª CIPM (Pituba), a aproximação entre a PM e as escolas é fundamental. “Estamos promovendo encontros com diretores e faz 60 dias que estamos visitando as escolas, além do patrulhamento nos arredores”, contou.
Em nota, a assessoria da Polícia Militar afirmou que, com o objetivo de coibir o tráfico de drogas, agressões, atos de vandalismo e assaltos, a Operação Ronda Escolar vem complementando a atuação das CIPMs.
“O foco no atendimento acaba sendo maior para as escolas públicas, mas nada impede o acionamento da Ronda por parte das instituições particulares, que também são atendidas”, afirma o comunicado. A PM não informou nem o efetivo de policiais e nem a frota de carros disponíveis para a operação.
Comunidade e PM se unem por vigilância participativa
A Polícia Militar e a comunidade da Pituba lançam hoje, às 9h, o projeto Vigilância Participativa. O evento, que ocorrerá na praça do Parque Júlio César, contará com a presença do comandante geral da PM, coronel Anselmo Brandão, moradores e comerciantes.
O projeto é uma iniciativa do Conselho Comunitário de Segurança em parceria com a PM, que irá capacitar os porteiros e vigilantes de residências e escolas para serem colaboradores da segurança pública, através de integração com a 13ª CIPM.
“O curso dará noções de segurança, direito, atuação de bombeiros, da parte técnica operacional e os procedimentos que devem ser tomados em ocorrências”, explicou o coronel Saulo da Costa, da 13ª CIPM. Além do curso, que será realizado nos dias 28 e 29 deste mês e capacitará 250 profissionais, cada condomínio irá posicionar parte das câmeras de segurança para a rua, com o objetivo de inibir atos delituosos.
Segundo Costa, a PM disponibilizou, há dois meses, uma viatura para visitar, três vezes por semana, escolas da região, conversando com diretores, professores e alunos, dando dicas de segurança e coibindo ações violentas.
Por: Correio