45% dos deputados apoiam renúncia de Cunha
Uma pesquisa do Instituto Datafolha realizada com 324 dos 513 deputados revela que 45% deles, quase a metade, defendem a renúncia do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal por suspeita de envolvimento no escândalo do petrolão e já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República. O Ministério Público descobriu que ele manteve contas secretas na Suíça, o que o peemedebista negou à Comissão Parlamentar de Inquérito da Petrobras. Cunha foi denunciado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, mas rejeita deixar o cargo.
A pesquisa foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo nesta sexta-feira. Segundo o instituto, 25% dos entrevistados acham que Eduardo Cunha deve permanecer no cargo, e 30% decidiram não se posicionar sobre a questão.
Mais de metade dos deputados (52%) não respondeu se votaria pela cassação do mantado de Eduardo Cunha, eleito no início do ano para presidir a Câmara em uma derrota do governo federal no Legislativo. Votariam a favor da cassação 35% dos deputados, e 13% disseram que votariam contra, ou seja, pela manutenção do mandato parlamentar.
O Datafolha ouviu 63% dos deputados em exercício entre os dias 19 e 28 de outubro. Mauro Paulino, diretor do instituto, afirmou que a pesquisa não possui o mesmo grau de confiabilidade dos levantamentos eleitorais por causa da alta taxa de deputados que se recusaram a participar ou não foram encontrados – 37%. Ele também alertou que muitos deixaram de responder a questões para não se comprometer. “Há um número significativo de parlamentares escondendo o jogo”, disse. “Os resultados finais indicam tendências gerais, mas não são representativos do total do Congresso.”
Impeachment – A pesquisa também analisou o posicionamento de deputados e senadores sobre um processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. A lei prevê cabe à Câmara decidir sobre a abertura do processo de afastamento do presidente da República, e ao Senado votar a questão em definitivo.
Entre os deputados, 39% disseram que votarão a favor da abertura e 32% afirmaram que serão contra, caso tenham que decidir sobre a questão. Ao todo, 29% não responderam ou disseram que não tinham opinião formada sobre o assunto. Para que os deputados sejam consultados, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem de aceitar um dos pedidos de impeachment protocolados no Legislativo. Uma comissão especial será formada para dar aval ao processo. No plenário, a abertura do processo, que levaria ao afastamento imediato de Dilma, precisa do apoio de 342 dos 513 – Cunha não vota.
De acordo com o jornal, nem o governo nem a oposição teriam atualmente os votos necessários para decidir sobre a abertura do processo no plenário da Câmara. Porém, Dilma estaria mais perto de se manter no cargo, porque não precisa formar maioria para barrar a abertura do impeachment.
Entre os senadores, 43% disseram que votariam contra o afastamento definitivo de Dilma, e 37%, a favor. Não se posicionaram 20% dos senadores entrevistados. No total, o Datafolha ouviu 51 dos 81 senadores em exercício.
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