Estudo secreto realizado pelo Facebook deve ser investigado
Depois da divulgação de um estudo em que o Facebook manipulou deliberadamente o conteúdo emocional de postagens de quase 700 mil usuários, a rede social deve ser investigada por autoridades regulatórias da Europa. A empresa não solicitou a permissão explícita das pessoas envolvidas e, para alguns críticos, isso violaria os termos de serviço garantidos aos usuários. O Facebook informou que houve uma das condições de utilizar o serviço era dar uma permissão generalizada para conduzir pesquisas. Em resposta, diversas agências europeias de proteção à privacidade começaram a investigar se o caso violou leis nacionais – apesar de nenhum organismo ter divulgado, oficialmente, a análise. Não se sabe a localização dos usuários que estiveram envolvidos na experiência. Cerca de 80% do 1,2 bilhão de usuários do Facebook vivem fora da América do Norte. Richard Allan, diretor de normas do Facebook na Europa, disse que estava claro que o estudo havia incomodado as pessoas. "Queremos nos sair melhor no futuro e estamos melhorando nosso processo com base nas reações a isso", ele afirmou em comunicado. "O estudo foi realizado com a devida proteção às informações pessoais, e responderemos alegremente a qualquer pergunta que as autoridades possam apresentar". Um dos coautores do estudo, em um post na própria rede social, disse que nenhuma informação foi “escondida”, apenas não aparecia no feed de notícias de todos os contatos. "Fizemos o estudo porque nos importamos com o impacto emocional do Facebook. Estávamos preocupados que a exposição à negatividade levasse as pessoas a evitar visitar o site", explicou. Informações do The New York Times.
Entenda como tudo aconteceu:
Um experimento realizado pelo Facebook causou a revolta de usuários depois de ser propagado pela revista online Slate and The Atlantic neste sábado (28). Durante uma semana de 2012, a rede social teria manipulado o algoritmo usado para distribuir publicações nos feeds de notícias. Conduzido por pesquisadores das universidades de Cornell e da Califórnia associados à empresa, o estudo avaliou como a quantidade de palavras positivas ou negativas nas mensagens lidas afetavam o humor dos usuários. "Estados emocionais podem ser transferidos para os outros por meio do contágio emocional, levando as pessoas a experimentarem as mesmas emoções de modo inconsciente", afirmam os autores da pesquisa."Estes resultados provam que as emoções expressas pelos outros no Facebook influenciam nossas próprias emoções, o que evidencia o contágio em larga escala via redes sociais”, concluem. Com a propagação da pesquisa, publicada em junho na 17ª edição dos Anais da Academia Nacional de Ciência, diversos usuários se irritaram com o “experimento psicológico”, que também foi classificado como "super perturbador", "assustador" e "mau". Susan Fiske, professora da Universidade de Princeton que editou o artigo para publicação, disse a The Atlantic que ela ficou preocupada com a pesquisa e entrou em contato com os autores. Os cientistas disseram que o conselho institucional aprovou o estudo, já que "o Facebook manipula a atualização do feed dos usuários o tempo todo". O Facebook disse a The Atlantic que "considera cuidadosamente" a pesquisa e que há "um processo de avaliação interna".
Informações do G1.