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27 November 2024
Foto: Divulgação/Biosul

Inflação de janeiro a outubro é a maior desde 1996, diz IBGE

No ano, o IPCA acumula alta de 8,52% e, em 12 meses, de quase 10%.De setembro para outubro, avanço de preços foi puxado pela gasolina.

A inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 0,54%  em setembro para 0,82% em outubro, segundo informou nesta sexta-feira (6) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o mês de outubro, índice é o mais elevado desde 2002, quando atingiu 1,31%.

Etanol tem se mantido competitivo perante a gasolina há 17 semanas consecutivas no estado (Foto: Divulgação/Biosul)

Aumento da gasolina e do álcool pressionou o IPCA em outubro (Foto: Divulgação/Biosul)

No ano, o IPCA acumula alta de 8,52%, a maior para o período de janeiro a outubro, desde 1996, quando ficou em 8,70%. Em 12 meses, o indicador foi para 9,93% e é o mais elevado, considerando o período, desde 2003, quando chegou a 11,02%.

De setembro para outubro, o que mais influenciou a alta de preços no país foram os combustíveis. O aumento foi de 6,09% e representou quase 40% na composição do IPCA. resultado do índice.

No caso da gasolina, que teve seu reajuste de preços autorizado pela Petrobras no final de setembro, ficou, em média, 5,05% mais cara, puxada por São Paulo, onde os postos aplicaram um aumento acima de 6%. Quem costuma abastecer o carro com o etanol teve de desembolsar mais ainda. O preço do combustível subiu 12,29%. Apesar do avanço ter sido maior que o da gasolina, o etanol tem peso menor no cálculo da inflação.

“Com o aumento da gasolina, as pessoas tendem a procurar mais o etanol, então, tem uma pressão de demanda sobre o etanol. Além disso, há notícias de que a exportação do etanol tem aumentado, então tem uma demanda externa também sobre o combustível”, analisou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índice de Preços do IBGE.

Com o aumento dos preços dos combustíveis, o grupo de gastos com transporte, um dos pesquisados pelo IBGE, registrou a maior variação, de 1,72% em outubro, contra 0,71% em setembro. Ficaram mais caros ainda passagem aérea (4,01%), pneu (0,94%), ônibus intermunicipal (0,84%), conserto de automóvel (0,69%) e acessórios e peças (0,46%).

“O IPCA de outubro foi dominado pelos transportes, que é o segundo grupo de maior peso, logo depois dos alimentos. Eles [juntos] exerceram pressão muito forte [no mês], apesar da maioria dos grupos subir de um mês para o outro. Que a maioria está subindo é um fato, mas dentro dos transportes [o impacto] são os combustíveis, e nos alimentos, é o dólar impactando…e também tem a questão das chuvas”, analisou.

Depois dos transportes, o maior aumento partiu de alimentação e bebidas (de 0,24% para 0,77%). Isso porque os alimentos consumidos fora de casa subiram 0,93%, e os consumidos dentro de casa, 0,68%.

Os gastos com habitação registraram a terceira maior alta, ainda que a variação tenha sido menor de setembro para outubro (de 1,30% para 0,75%). O avanço do preço do botijão de gás perdeu força, ao passar de 12,98% em setembro, para 3,27%, em outubro – ainda um reflexo do reajuste de 15% permitido pela Petrobras a partir de setembro. Subiram também os preços de energia elétrica, mão de obra para pequenos reparos, aluguel e artigos de limpeza.

Na sequência, estão os grupos de preços relativos a vestuário (de 0,50% para 0,67%), despesas pessoais (de 0,33% para 0,57%), saúde e cuidados pessoais (estável em 0,55%), comunicação (de 0,01% para 0,39%), artigos de residência (de 0,19% para 0,39%) e educação, de 0,25% para 0,10%).

Inflação por regiões

Na análise por região, o maior IPCA ficou com Brasília (1,24%) e o menor, no Rio de Janeiro (0,59%).

Previsões alinhadas

Para 2015, a expectativa dos economistas, segundo o boletim Focus, do Banco Central, é que IPCA feche o ano em 9,91%, se aproximando assim da marca dos 10%. Se confirmada a estimativa, representará o maior índice em 13 anos, ou seja, desde 2002 – quando ficou em 12,53%.

O BC informou recentemente que estima um IPCA de 9,5% para este ano. Segundo economistas, a alta do dólar e, principalmente, dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressionam os preços em 2015.

Por Anay Cury e Cristiane Caoli/G1