Dinheiro para campanha não era propina, diz Ricardo Pessoa
Um dos principais delatores da Operação Lava Jato, o dono da UTC, Ricardo Pessoa, disse que as doações para campanhas eleitorais não tinham relação com as propinas pagas pela empreiteira em troca de contratos com a Petrobras. As informações foram publicadas pela Folha nesta terça-feira (10).
Segundo o jornal, o empreiteiro afirmou que havia uma diferença entre as doações feitas dentro e fora do período eleitoral. Uma das linhas de acusação da Procuradoria é que o financiamento legal a candidatos e partidos era uma das etapas finais da lavagem do dinheiro desviado da estatal.
“Na época de campanha, as contribuições de campanha não tinham nada a ver com propina, eram contribuições de campanha mesmo. O restante, não. Era como se pagava a comissão da propina da Petrobras”, afirmou.
Pessoa prestou depoimento ao juiz federal Sergio Moro, em Curitiba, nesta segunda (9), na ação penal que apura o envolvimento do ex-ministro José Dirceu com o esquema de corrupção na estatal.
Segundo ele, doações feitas sobretudo ao diretório nacional do PT fora do período eleitoral eram descontadas da “conta-corrente” controlada pelo ex-tesoureiro da legenda João Vaccari Neto sobre a propina relacionada às obras da Diretoria de Serviços da Petrobras.
A desconexão entre propina da Petrobras e doações da UTC para campanhas eleitorais, mesmo as efetuadas por meio de caixa dois, já havia sido apresentada pelo empreiteiro em depoimento sobre as supostas contribuições irregulares ao ministro Aloizio Mercadante (Educação, PT-SP) e ao senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
O petista e o tucano negam terem recebido recursos não contabilizados. Na ocasião do depoimento no inquérito que corre no STF (Supremo Tribunal Federal), Pessoa disse que não havia ligação entre o pagamento de propina e o financiamento de campanha, mesmo a “parte por fora” (caixa dois).