Você sabia que muitos problemas respiratórios são agravados pela postura?
Pessoas com casos de escolioses e de alterações posturais mais graves podem ter alterados o posicionamento e o funcionamento de vísceras e órgãos como coração e pulmão.
Dizem que a cidade de Salvador tem apenas duas estações no ano: sol e chuva. No período de chuva, que compreende março a setembro, com a umidade, é comum o aparecimento ou agravamento de problemas respiratórios, como alergias, asma, pneumonias e infecções em geral. O que talvez você não saiba é que os problemas de postura também podem agravar as doenças respiratórias.
Pessoas que têm o dorso muito curvado, com aquela famosa corcunda ou mesmo que têm o tronco inclinado, que faz verdadeiras curvas em forma de “C” ou de “S”, como nos casos de escolioses, apresentam um desequilíbrio em todo o conjunto de músculos, articulações, ligamentos e fáscias (tecido rico em colágeno que envolve todas as outras estruturas e órgãos do corpo), modificando, inclusive, em caso de alterações posturais mais graves, o posicionamento de vísceras e órgãos como coração e pulmões.
Os pulmões fazem parte do sistema respiratório, que tem como função a troca de gases, em que ele entrega ao corpo ar rico em gás oxigênio, durante a inspiração, e retira do corpo o gás carbônico, durante a expiração.
Uma das condições para que esse processo aconteça de forma adequada e sem uso excessivo do sistema, é a expansibilidade do tórax, o que significa que, quando ocorre a inspiração o tórax aumenta de diâmetro e de volume e vemos um peito cheio de ar. Por outro lado, na expiração, o tórax diminui de volume e o peito “murcha”, o que significa dizer que é possível visualizar o movimento da caixa torácica durante a respiração.
"Quando ocorre alguma alteração da postura, os ossos e articulações da coluna vertebral modificam seu posicionamento, que, por sua vez, provocam compensações e ajustes na musculatura e ligamentos próximos, modificando, então, a mobilidade do tórax e a sua capacidade de trocar os gases com eficiência."
O oposto também pode acontecer: as pessoas que apresentam alterações respiratórias desde a primeira infância modificam a postura na tentativa de ajustar as compensações advindas do problema respiratório.
Por exemplo, processos alérgicos como rinites, sinusites e bronquites modificam a forma como o ar passa do meio ambiente para os pulmões, que, no normal, acontece pelo nariz e nesses indivíduos, passa a ser pela boca, sendo chamados de respiradores bucais.
A persistência da respiração oral durante a fase de crescimento da criança pode determinar uma série de alterações no corpo, tais como: alteração do tônus e função nos movimentos da mandíbula, dos lábios e das bochechas, modificação do posicionamento da língua, mastigação ineficiente, dificuldade para engolir, cabeça mal posicionada, músculos abdominais flácidos, ombros para frente (protusos) e deformidades torácicas por modificação das ações musculares e esqueléticas, induzindo a vícios posturais e distúrbios do equilíbrio do corpo (BASSO et al., 2009).
Cria-se, então, um ciclo vicioso, em que uma alteração musculoesquelética e postural pode agravar o quadro respiratório, assim como uma patologia respiratória crônica produz modificações compensatórias na postura corporal.
Portanto, você que é portador de alguma condição alérgica ou crônica, como a asma, cuide da sua postura, através de técnicas de correção postural, como a Reeducação Postural Global (RPG) e o Pilates, que lhe ajudam a organizar os músculos abdominais e respiratórios e procure orientações com o fisioterapeuta para minimizar as ocorrências do problema respiratório.