Sem Neymar, seleção precisará apelar mais do que nunca ao "estilo Felipão"
Quando passou apertado pelo Chile nas oitavas, Felipão adiantou que precisava retomar seu velho estilo. Agora, sem Neymar, o treinador terá de voltar mais do que nunca às antigas. Com a perda do diferencial ofensivo, Brasil fica mais dependente da marcação forte e da bola parada, velhas armas do comandante verde-amarelo.
Os números de Neymar na seleção mostram que jogar o fim da Copa sem o camisa 10 não será missão das mais fáceis. Além de artilheiro do time com quatro gols, o atacante é quem mais corre com a bola, quem mais chuta e é a peça-chave da criação brasileira. Sem ele, é difícil pensar até na escalação ideal.
Willian e Bernard, mais ofensivos, seriam as opções mais recomendáveis para Felipão. O problema é que o Brasil enfrenta, logo de cara, a Alemanha, um dos times mais ofensivos da Copa do Mundo, com pujança de bons nomes em seu ataque. Por isso, não é difícil imaginar uma formação mais cautelosa para a seleção.
Nesse cenário, Ramires e até mesmo Luiz Gustavo poderiam ser alternativas de Felipão. O primeiro é versátil e pode se dividir entre criar e combater. O segundo é, até que se prove o contrário, titular da seleção. Só que no último jogo, suspenso, o volante viu Paulinho e Fernandinho formarem uma boa dupla. Por isso, também não se pode descartar um time com os três juntos, povoando a área do campo em que o time alemão é mais forte.
Seja quem for a opção de Felipão, vale a pena esperar por um time mais viril, como foi contra a Colômbia. Já contaminado pelo estilo do treinador, o Brasil abusou das faltas nas quartas, especialmente com Fernandinho, encarregado de parar James Rodriguez.
Nenhuma novidade na carreira de Felipão. Como ele mesmo já ressaltou em entrevistas anteriores, jogar bonito não é exatamente uma das preocupações das suas equipes. "Volante goleador só é bonito para a imprensa", disse o treinador no ano passado à Folha de S. Paulo, em uma de suas primeiras entrevistas após o retorno à seleção brasileira.
Volante não pode, mas zagueiro sim. Se Neymar não estava exatamente brilhando, coube aos zagueiros do time ajudar o Brasil a chegar à semifinal. Para superar Chile e Colômbia, a seleção contou com gols de David Luiz (2) e Thiago Silva, todos em jogadas de bola parada, outra marca do treinador. Contra a Alemanha, manter esse ritmo, ou aumentar a dosagem do "estilo Felipão", podem ser o caminho.