Sem patrocínio, Bando de Teatro Olodum resiste com arte e militância
Grupo de teatro negro comemora 25 anos ininterruptos de história.
Atores relatam as superações e os entraves enfrentados desde 1990.
Atuar com verdade, cantar a resistência e dançar o confronto. Há 25 anos, o Bando de Teatro de Olodum, em Salvador, sobe aos palcos intercalando a arte com a militância e fazendo política no ofício cênico. Desde 1990, técnicas de expressão corporal, linguagem musical e produção coreográfica são armas de um campo de batalha ainda latente.
O Bando é uma companhia de teatro negra. Quando você bota esse título, teatro negro, já traz um escudo, uma sustentação. A gente bebe na fonte da cultura afrobrasileira e quer cada vez mais afirmar essa cultura. É isso que a gente vem fazendo ao longo desses 25 anos em vários espetáculos”, defende o ator Jorge Washington, de 52 anos, que integra o grupo desde a concepção.
Em mais um “Novembro Negro”, mês em que se lembra a morte de Zumbi do Palmares – principal representante da resistência negra à escravidão no Brasil Colonial -, o ator descreve a importância da existência e resistência.
“Eu sempre cito o Cabaré da RRRRRaça, que é um dos espetáculos mais emblemáticos do Bando. Ele está em cartaz há 18 anos. É um espetáculo que mostra situações de racismo no dia-a-dia. Engraçado que quando nós montamos esse espetáculo, em 1997, as situações eram aquelas de 1997. Mas hoje, cara, parece que em vez de avançar, a gente está retrocedendo com o advento das redes sociais, onde cada um pode se expressar e cada um pode falar o que pensa e o que quer. É muito doido isso”, considera.
Por Henrique Mendes/G1