Pais superprotetores impedem que a criança tenha desenvoltura e autoconfiança
Alguns pais se empenham em negar e evitar que seus filhos cometam erros. Essa atitude superprotetora impede que a criança desenvolva habilidades como autossuficiência, desenvoltura e autoconfiança.
Uma situação bastante frequente ocorre quando a criança tira notas ruins na escola ou é escolhida como reserva de um time de futebol, e os pais tentam fazer os responsáveis entender que seu filho merece muito mais. Não importa se eles têm ou não razão: a tendência é superproteger a criança porque acreditam que, do contrário, ela sofrerá uma decepção que a afetará pelo resto de sua vida. É por isso que as crianças ganham elogios, prêmios e outros tipos de reconhecimento, mesmo quando se saem mal em determinadas matérias.
Para o escritor Alfie Kohn, autor de O Mito da Criança Mimada, "As crianças nunca deveriam receber algo que desejam ? dinheiro, prêmios ou elogios ? a menos que tenham feito o bastante para merecer. Não é preciso fazer com que elas se sintam bem consigo mesmas se não foram capazes de obter resultados palpáveis".
Para Kohn e outros especialistas, a superproteção é muito frequente e negativa: em vez de ajudar a autoestima das crianças, esse atitude pode bloquear seu desenvolvimento emocional e intelectual, criando dificuldades em sua vida adulta. Segundo um estudo realizado por profissionais da Universidade de Queensland, Austrália, tentar evitar os fracassos impede que a criança consiga enfrentar esse tipo de situação por conta própria.
A pesquisa também sugere que esse comportamento não evita o mau desempenho escolar: os pais que ajudam demais os filhos nas lições, a ponto de fazê-las completamente, impedem que a criança aprenda com seus erros e que desenvolva habilidades como autossuficiência, desenvoltura e autoconfiança.
Outro efeito é evitar que a criança assuma a responsabilidade por seus atos. Segundo a psicóloga Carol Dweck, "incentivar crianças que não tem boas notas na escola pode fazer com que elas nunca aprendam formas de lidar com o fracasso". Em suas pesquias, Dweck descobriu que as crianças gostam de ouvir que são talentosas, mas os elogios se tornam inúteis diante da primeira dificuldade. Isso as desmoraliza e as leva a pensar que é melhor trapacear do que arriscar-se a falhar novamente.
O que fazer para evitar a superproteção
As pesquisas indicam que as crianças precisam de amor e atenção, mas os pais devem aprender a se manter um pouco distantes de situações que elas devem resolver por si mesmas. Isso não quer dizer que devemos confiar cegamente nos professores ou deixar de acompanhar o que acontece na escola, e sim reconhecer que os filhos podem cometer erros. Enfrentá-los nem sempre é algo negativo e pode ajudá-los a desenvolver as habilidades necessárias para uma vida adulta possivelmente cheia de reveses e decepções.
É importante não transformar derrotas em vitórias e permitir que seu filho erre e assuma a responsabilidade. A ideia é incentivar a criança a refletir e encontrar suas próprias respostas. Mas você pode orientá-la, ajudando-a a analisar o que aconteceu, mas sempre tentando fazer com que a solução dependa dela.
Outro aspecto fundamental é não recorrer a ameaças. A criança deve reconhecer as consequências de certos atos, mas não deve agir guiada pela ansiedade ou o temor, o que pode comprometer seu progresso.