Acorda prefeito de Simões Filho Homem agoniza de dor enquanto o município nega atendimento.
A saúde pública em Simões Filho, na Região Metropolitana de Salvador (RMS) está vivendo, quem sabe, o seu pior momento os últimos 20 anos. A cada dia surgem novas denúncias de pacientes que peregrinam em busca de atendimento médico e que aos poucos vão perdendo suas vidas em detrimento do descaso e da falta de comprometimento da gestão municipal.
Em contato com a redação do SIMÕES FILHO ONLINE, mais uma família relatou o sofrimento de um munícipe que se se encontra em um estado muito delicado de saúde, e o que é pior, sem receber qualquer tipo de assistências das autoridades competentes.
De acordo com a dona de casa Ana Paula, de 33 anos, seu irmão, o vendedor ambulante Bartolomeu Cerqueira Pitanga, 36, está passando por um sofrimento que parece não ter fim. Bartolomeu sofre de “hemorroidas” – inflamação dos vasos do ânus que a cada dia vem se agravando. Os principais sintomas da doença é dor, sangramento, coceira, ardência e desconforto. A patologia é vista como tabu pela sociedade. Homens e mulheres se envergonham de procurar um médico ou conversar sobre o problema, resultando em um diagnóstico tardio que pode agravar a doença e levar a uma intervenção cirúrgica. Esse é o caso de Bartolomeu que sofre há mais de dois meses.
Segundo Ana Paula, o caso do seu irmão é de internamento e de intervenção cirúrgica urgente, mas por diversas vezes ele esteve no Hospital Municipal e na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e foi liberado para voltar para casa, ainda com fortes dores.
Omissão do município
Ele precisa realizar um procedimento cirúrgico com um médico proctologista, especialidade que deveria ser oferecido pelo município, mas a Secretaria de Saúde está omitindo o atendimento, conforme informou a familiar do paciente.
“Eu fui informada que o Hospital daqui faz esse tipo de cirurgia, mas os médicos não estão fazendo por questão de recurso. Me disseram que os médicos estão sendo pagos somente para realizar as consultas, mas para fazer cirurgia não estão liberando os recursos”.
Segundo Ana Paula, enquanto seu irmão estava sendo novamente atendido na UPA, na manhã da última terça-feira (18/12), ela procurou pessoalmente a Secretaria Municipal de Saúde para tentar resolver a questão do internamento, mas o máximo que ela conseguiu foi uma ligação para o Hospital Roberto Santos (HGE), para tentar conseguir alguns exames, ainda na próxima segunda-feira (24/12).
A irmã de Bartolomeu acredita que o município está omitindo o internamento, justamente por se tratar de uma especialidade que já era oferecida pelo hospital local. Neste caso, a Central de Regulação do Estado certamente exigiria uma justificativa para fazer a transferência do paciente.
“A gente já tem dois meses nesta situação. Meu irmão é vendedor ambulante, ele está sem trabalhar e sem recursos para a gente arcar com essa cirurgia. Na UPA e no Hospital só fazem medicar ele e mandar para casa”.
Com o estado de saúde de Bartolomeu se agravando, a família teme que o pior aconteça, haja vista que nem condição de se alimentar o rapaz tem tido. Ana Paula explica que é muito doloroso ver o sofrimento de seu irmão.
“Meu irmão já está em uma situação que não consegue andar – já andando de quatro – agora mesmo ele está deitado sem roupa nenhuma e cada dia que passa perdendo peso, porque ele não consegue se alimentar. Quando ele vai no banheiro ele grita de um jeito que só Jesus na causa”.
Resposta da prefeitura
A reportagem do SIMÕES FILHO ONLINE entrou em contato com a Secretária de Saúde, Dra. Maria Bethania, para saber por que a cirurgia de Bartolomeu não pode ser realizada no Hospital Municipal, mas até o momento não obtivemos resposta.
O SIMÕES FILHO ONLINE também entrou em contato assessoria de comunicação da Prefeitura Municipal de Simões Filho, mas até a publicação desta matéria, o órgão também não respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem.
Sobre as hemorroidas
Segundo os dois especialistas, ao contrário do que muitos pensam, as hemorroidas não evoluem para nenhum tipo de câncer, mas o diagnóstico tardio pode causar anemia intensa, necrose dos tecidos anorretais e infecção secundária; essa necrose em casos mais graves.
A doença pode surgir por um determinismo genético, mas uma das principais causas é o intestino preso. As fezes ressecadas, com o tempo, podem desenvolver a patologia. Outro fator de risco é a gravidez, em decorrência do peso do feto sobre a região anal, que pode dilatar os vasos. A prática de algumas rotinas profissionais ou esportivas que levam ao esforço muscular intenso, como levantamento de peso ou musculação com muita carga, também podem aumentar a pressão e inflamar as veias hemorroidárias