Alexandre de Moraes determina prisão de Anderson Torres, ex-secretário de Segurança do DF
PF cumpre mandato de busca e apreensão na casa do ex-gestor, que está em viagem no exterior
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou nesta terça-feira (10) a prisão do ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres. Ex-ministro do governo Jair Bolsonaro, Torres está fora do país em viagem de férias nos Estados Unidos.
O ex-secretário é alvo da investigação sobre a atuação das policiais no domingo (8), quando extremistas invadiram os prédios dos três Poderes da República: Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal (STF).
Além de Torres, Moraes também ordenou a prisão do ex-comandante da Polícia Milita do DF, coronel Fábio Augusto Vieira. No início da tarde desta terça-feira (10), a Polícia Federal esteve na casa de Anderson Torres. Uma equipe de agentes saiu da residência carregando uma sacola com material apreendido
Como o Estadão revelou, no domingo os extremistas que saíram em marcha do Quartel General do Exército em Brasília não encontraram resistência dos policiais que faziam patrulhamento na Esplanada. PMs foram flagrados tomando água de coco enquanto os manifestantes ameaçavam invadir prédios públicos.
Um outro pequeno grupo fazia o patrulhamento no gramado em frente ao Congresso e não conseguiu conter os golpistas que acabaram ocupando o prédio do Legislativo. Em seguida, invadiram e depredaram outros dois edifícios na Praça dos Três Poderes: o Planalto e o STF.
Na segunda (9), o ex-secretário usou sua rede social para condenar os atos de vandalismo ocorridos no domingo. E reclamou que estavam tentando responsabilizá-lo pelo que ocorreu. “Lamento que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer tipo de conivência minha com as barbáries que assistimos. Estou certo de que esse execrável episódio será totalmente esclarecido, e seus responsáveis exemplarmente punidos”, escreveu.
A Procuradoria-Geral da República requereu nesta terça-feira, ao STF, a abertura de inquérito para apurar supostas condutas “omissivas e comissivas” do governador afastado Ibaneis Rocha (MDB), de Torres, do ex-secretário de Segurança Pública interino do DF, Fernando de Sousa Oliveira, e do ex-comandante geral da Polícia Militar do DF, Fábio Augusto Vieira, ante os atos golpistas do domingo.
A PGR aponta “indícios graves do possível envolvimento do governador do DF e de seus secretários (titular e interino), bem assim do comandante geral da Polícia Militar, em verdadeiro atentado ao Estado Democrático de Direito”.
Nomeado ministro 2021
Delegado de carreira da PF, Anderson Torres foi nomeado ministro da Justiça do presidente Jair Bolsonaro em março de 2021. Com o fim do governo, voltou para o posto que ocupava antes de ir para o Governo Federal, o de secretário de Segurança do DF.
Após os atos criminosos no domingo, com indicações de que a atuação da segurança pública falhou, o governador de Brasília exonerou Torres. A medida não foi suficiente para aliviar a situação do chefe do Executivo local.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou intervenção na segurança do DF. Ao mesmo tempo, Alexandre de Moraes determinou o afastamento do governador Ibaneis Rocha do cargo.