Alice Portugal critica a gestão de ACM Neto
O desejo de Alice é ver a pauta aprovada o mais breve possível no colegiado, embora a votação dependa da indicação do baiano Félix Mendonça Júnior (PDT), aliado de ACM Neto
A demolição de seis prédios tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan) na região da Ladeira da Montanha, no Comércio, surge como motivo de disputa entre dois virtuais candidatos adversários que vão brigar pela prefeitura de Salvador na eleição do ano que vem. Se, por um lado, o prefeito ACM Neto (DEM), pré-candidato à reeleição, se apressou em derrubar as construções antigas com o intuito de amenizar os estragos que as chuvas estavam causando na cidade, a deputada federal Alice Portugal (PCdoB) tem liderado, por sua vez, o time que dispara críticas ao modo como a ação foi desenvolvida pelo poder público municipal.
O local onde foram demolidos os prédios registrou duas mortes decorrentes de desabamentos de imóveis já desgastados pelo abandono e pelo tempo. A parlamentar iniciou sua manifestação de descontentamento nas redes sociais e o barulho já alcançou a tribuna da Câmara Federal. Em discurso no plenário, Alice anunciou que entrou com um pedido de audiência pública na Comissão de Cultura do Legislativo visando debater a viabilidade e necessidade das demolições. O objetivo é ouvir representantes do Iphan, urbanistas e arquitetos de Salvador para tentar se convencer da “impropriedade” ou “quem sabe a propriedade” das derrubadas dos imóveis tombados que podem, segundo a comunista, atingir 30 construções na capital baiana. “Nós perdemos 21 vidas em função da falta de planejamento e de prevenção em relação às chuvas esperadas”, teceu críticas à administração.
O desejo de Alice é ver a pauta aprovada o mais breve possível no colegiado, embora a votação dependa da indicação do baiano Félix Mendonça Júnior (PDT), aliado de ACM Neto. “Eu espero que não tenha que recorrer à outra comissão para tratar do assunto. Não queremos um debate belicoso, mas que seja apenas de esclarecimentos”, afirmou a deputada. “É uma discussão fundamental, porque estavam degradados, mas eram tombados. Por que não escoraram e depois modernizaram internamente como foi feito no Mercado Modelo?”, questionou Alice, que diz ter ficado perplexa com atitude do Executivo soteropolitano.
Enquanto o prefeito ACM Neto assiste às críticas da oposição, vai a Brasília ao lado do governador Rui Costa (PT) buscar apoio para contornar as dificuldades que chegaram no rastro da chuva, as manobras para compor uma eventual chapa em 2016 vão sendo silenciosamente testadas. O PMDB, aliado do DEM em Salvador desde as eleições de 2016 pode vir a ter um dos seus quadros contemplados com o cobiçado posto de vice do atual prefeito.
O deputado estadual licenciado e agora secretário de Promoção Social, Esporte e Combate à Pobreza, o peemedebista Bruno Reis é quem está sendo elevado à vitrine. O titular da pasta já havia encabeçado o programa Primeiro Passo, tido como prioridade por ACM Neto, que apesar de ter como foco a educação, foi alocado em seus poderes.
Ontem, mais um projeto tido como de suma relevância pelo Palácio Thomé de Souza foi posto na conta de Reis: o Moradia Melhor. Segundo o presidente do PMDB na Bahia, Geddel Vieira Lima, Reis é um militante no partido como um outro qualquer e não existe essa insinuação de fazer balão de ensaio por considerar muito cedo para tratar de eleições do ano que vem. “Ainda é cedo para discutir 2016, estamos enfrentando diversos problemas na cidade como a chuva, com crise econômica. Não está na pauta a formação de chapa”.