Americanas têm a maior queda na Bolsa de Valores brasileira em 14 anos
Levantamento do TradeMap mostra que apenas duas empresas registraram recuo maior em um só pregão
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Depois que a Americanas publicou comunicado em que disse que foram identificadas “inconsistências em lançamentos contábeis” no balanço, em valor que chega a R$ 20 bilhões, as ações da empresa despencaram quase 80% na Bolsa de Valores nesta quinta-feira (12).
Em valor de mercado, a empresa perdeu R$ 8,37 bilhões. Ao fim do pregão, a queda exata foi de 77,33%. Um levantamento de Einar Rivero, do TradeMap, mostra que essa foi a maior queda diária de uma empresa de capital aberto desde 2008.
O maior recuo foi da Agar Incorporadora (AGIN3), em 6 de outubro de 2008: 81,55%. Em seguida, a Hércules (HETA3), de utensílios domésticos, registrou queda de 78% em 22 de setembro de 2008.
Segundo o Portal G1, o levantamento mostra que o volume do rombo de R$ 20 bilhões é equivalente ao valor de mercado da Magazine Luiza, que até o fechamento do pregão desta quarta era de R$ 20,20 bilhões, e da Lojas Renner, de R$ 20,22 bilhões.
A Americanas percebeu que o valor bilionário – referente aos primeiros nove meses de 2022 e anos anteriores – não havia sido registrado de forma apropriada nos balanços corporativos da empresa.
O comunicado da Americanas sobre o rombo no balanço foi divulgado na noite de quarta-feira (11). Além disso, o texto informou que o presidente da companhia, Sergio Rial, deixou o cargo apenas nove dias depois de assumir. O diretor financeiro da empresa, André Covre, também renunciou – ele havia tomado posse com Rial.
O documento divulgado pela companhia não traz muitos detalhes sobre o que de fato foi encontrado nas contas, mas esclarece que a área contábil detectou “a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem (R$ 20 bilhões), nas quais a companhia é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta de fornecedores nas demonstrações financeiras”.
A Americanas disse que ainda não é possível determinar todos os impactos do rombo na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia. Em contrapartida, a empresa afirmou estimar que “o efeito caixa dessas inconsistências seja imaterial”.
Assim, o rombo teria apenas um efeito contábil, e não financeiro. Caso fosse financeiro, haveria saída de dinheiro do caixa da companhia.