Acabada a Copa, escolas focam na preparação para as provas do Enem
A Copa acabou, mas para quem quer vai prestar o Enem o aquecimento está só começando. Até a prova, serão quatro meses de muita revisão, simulados, aulões e motivação. Confira como as escolas estão planejando a preparação.
Antes mesmo de o Brasil ser eliminado da Copa do Mundo, os estudantes da rede pública e privada da Bahia voltaram às aulas, na segunda. O sonho agora é ser campeão no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o que significa garantir uma vaga no ensino superior, seja nas universidades federais ou através de bolsas de estudo nas particulares. Para isso, escolas e estudantes já se organizam para a reta final.
Colégio Anchieta faz preparação multidiscplinar e psicológica que inclui até aulas de teatro para candidatos (Foto: Marina Silva)
Nas escolas da rede estadual da Bahia, o foco do retorno às aulas está na preparação dos estudantes para o exame. Além do reforço no conteúdo em sala de aula, a Secretaria da Educação do Estado (SEC) aposta em orientações pedagógicas e atividades extracurriculares, como aulões de reforço, revisão e simulados, além de acompanhamento individual dos mais de 100 mil alunos de 3º ano do estado.
“Temos um projeto, o Se Liga no Enem, em que nós estimulamos que as escolas preparem aulas especiais. O projeto é feito em escolas específicas e usa a rede de videoconferência da Secretaria da Educação. Além do que, nós temos uma parceria com a (empresa de teconologia) Geekie Games, que faz uma avaliação diagnóstica do aluno e ele recebe um plano de estudos personalizado, baseado no perfil de cada estudante”, explica o secretário da Educação da Bahia, Osvaldo Barreto.
Mas a preparação especializada não se restringe às escolas públicas. Nas particulares, a ordem é continuar a preparação iniciada na abertura do ano letivo e deixar os estudantes, principalmente os do 3º ano, prontos para a maratona de 180 questões e uma redação, distribuída em dois dias de Enem, 8 e 9 de novembro deste ano.
No Colégio Adventista de Salvador (CAS), serão realizados sete aulões aos domingos, começando no dia 27 de julho e seguindo até novembro. “São aulas específicas, interdisciplinares com os professores das unidades”, disse a coordenadora Telma Melo. As aulas acontecerão nos auditórios de cada escola, que também fará simulados com o mesmo número de questões e o tempo das provas do Enem.
O estudante João Pedro Machado Magalhães, de 17 anos, diz que começou a preparação para o 3º ano desde a entrada no ensino médio. “Desde o 1º ano, a gente já faz simulado com o tempo do Enem no sábado e no domingo, para evitar que a gente tenha problema de cansaço na hora da prova. Os nossos módulos já vieram com questões, com listas e áudios interdisciplinares”, conta.
Preparação de João Pedro inclui simulados e aulões. Ele quer Direito (Foto: Betto Jr.)
EstratégiaNo Colégio Integral, onde João Pedro estuda, há uma espécie de estúdio de TV, igual aos de programas de auditório. Lá, os estudantes assistem aos aulões, ministrados pelos professores da própria escola e por convidados. O 9º ano do ensino fundamental funciona como uma espécie de antecipação do ensino médio.“Normalmente, uma vez por mês, a gente tem o aulão. Varia muito de acordo com o tema. Tem a questão da energia, da saúde, o relacionamento humano, mas sempre com o foco naquilo que tem como referência as questões do Enem”, diz o diretor-geral do Integral, Paulo Rocha.Os aulões e os simulados são comuns à maioria das escolas, mas há diferenciais. No Sartre COC, o segundo semestre é época de orientação e acompanhamento psicopedagógico, para tentar aliviar a pressão nos estudantes. Além disso, o colégio, que faz parte de uma rede, fará um simulado nacional nos dias 30 e 31 de agosto.“Como o Sartre pertence a um grupo nacional, a gente faz um simulado nacional. O aluno concorre com pessoas de São Paulo, Brasília, Maceió. É interessante para eles verem como está a preparação com relação aos estudantes dos outros estados”, conta o coordenador geral do 3º ano e pré-vestibular do Sartre, Emanuel Ribeiro. Após o simulado, o colégio divulga um ranking e consegue mapear as deficiências por assunto.Já no Colégio Anchieta, o teatro é utilizado para aulas multidisciplinares. A supervisora do 3º ano, Cátia Vasconcelos, chama a atenção para a exigência do Enem: um trabalho de preparação que é feito ao longo da vida do estudante. Mas, na escola, o conteúdo voltado para o exame e para vestibulares de instituições que não utilizam a nota do Enem não fica de fora.“Existe uma programação de aulas multidisciplinares e temáticas no turno oposto. Uma vez cumprido todo o programa, nós começamos com uma revisão sistematizada com material didático específico para o Enem”, diz.Sem estresse No Colégio Villa Lobos, os estudantes fazem simulados, preparados especialmente por uma editora de Minas Gerais, desde o início do ano letivo. São sete simulados ao longo do ano, além de um período de revisão geral, que começa em outubro.Para a coordenadora do ensino médio do Villa Lobos, Cristina Cardoso, o trabalho mais importante no segundo semestre é o de motivação. “A principal atividade é fazer trabalhos de motivação para recarregar as baterias porque, quando chega setembro, eles estão exaustos. A gente precisa tratar o psicológico, a ansiedade, o medo”, explica.Aluna do 3º ano do Colégio Anchieta e recém aprovada em Medicina na Bahiana, a estudante Ana Teresa Caliman, de 17 anos, também trabalha o psicológico, mas por conta própria. Para aliviar o estresse, ela adotou uma alimentação com mais frutas e também comprou um aparelho para fazer exercícios em casa.Apesar de já aprovada, Ana Teresa vai fazer novamente o Enem para tentar uma vaga na Universidade Federal da Bahia (Ufba) ou na Universidade de São Paulo (USP). “Eu estudo como qualquer outra pessoa, evito acumular as coisas. Tem bastante tempo que eu comecei a estudar para o Enem, desde o primeiro ano”, diz.Colega de Ana Teresa, a estudante Sarah Barreto Ornellas, 17, aposta nos simulados e acredita que o segundo semestre deve ser reservado a eles. “Agora, acho que é mais importante para todo mundo reservar um dia para o Enem, cronometrar o seu tempo e simular, fazer redações, também, toda semana, porque o tema é muito aberto”, avalia.