Antonio César Campanaro, o Toninho do Pó, de 45 anos, morreu na última quinta-feira (3/10), após passar mal no Complexo Penitenciário da Papuda. A filha da vítima afirma que o criminoso pode ter sido envenenado. Ele foi preso em 10 de outubro de 2018, por meio da Operação Torre de Babel. O homem é indicado como líder de uma organização criminosa envolvida em tráfico de drogas, roubos, furtos, desvios de cargas e lavagem de dinheiro. Além disso, a Polícia Civil descobriu um esquema criminoso envolvendo policiais militares da capital federal pelo traficante.
O Correio obteve informações de que Toninho passou mal dentro do presídio. Ele se queixou de fortes dores no peito e na cabeça. O suspeito precisou ser escoltado para atendimento médico no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Antonio deu entrada na unidade às 14h da quarta-feira (2), mas morreu na madrugada de quinta-feira (3), às 2h30.
A necropsia indicou que a possível causa da morte poderia ser decorrente de alta ingestão de drogas e medicamentos. A situação de saúde de Toninho acabou evoluindo para uma pneumonia broncoaspirativa e choque séptico. No entanto, a filha do criminoso questionou o laudo e afirmou que o pai teria sido envenenado. A Coordenação de Repressão a Homicídios e de Proteção à Pessoa (CHPP) apura o suposto crime.
O corpo de Toninho passou por exames no Instituto de Medicina Legal (IML) e foi liberado. O resultado da análise fica pronto em até 30 dias e será indispensável para confirmar a tese de envenenamento. No sábado (5), Antonio foi sepultado por amigos, familiares e amigos.
Torre de Babel
Em outubro do ano passado, a 3ª fase da operação Torre de Babel cumpriu 72 mandados de busca e apreensão, 42 de prisão preventiva e seis de prisão temporária no Distrito Federal, e em seis estados e 15 cidades. Toninho do Pó foi um dos presos. Ele era indicado como o líder da quadrilha especializada em crimes a nível nacional, incluindo tráfico de drogas. A investigação durou 9 meses e foi realizada pela Coordenação Especial de Repressão à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes contra a Administração Pública e contra a Ordem Tributária da Polícia Civil do Distrito Federal (Cecor).
Policiais civis encontraram Toninho em Morro de São Paulo (BA), distante cerca de 1407 km de Brasília. O carro dele, uma caminhonete Pajero, foi apreendido na capital federal, com R$ 76 mil escondido em um fundo falso. O criminoso já tinha sido preso e condenado por tráfico, ao ser detido com 20kg de cocaína, em 2008. Ele cumpriu pouco mais de um ano e seis meses da pena em regime fechado.
Toninho teria se tornado o líder do bando que realizava desvios de cargas, roubos, furtos, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ele constituiu um patrimônio vultoso por meio do escambo de produtos oriundos dos crimes. O homem trocava entorpecentes e produtos em carros e imóveis, por exemplo.
Denúncia contra a PM
A investigação acerca da atuação do traficante Antonio César Campanaro trouxe à tona um esquema criminoso envolvendo policiais militares do Distrito Federal. Treze servidores da segurança pública foram presos preventivamente, acusados de terem se unido para prender Toninho do Pó apenas para roubar as drogas dele, as quais seriam vendidas.
De acordo com a apuração da Cecor, os militares souberam que Toninho transportaria 500kg de maconha. Com a informação, os policiais criaram um grupo no WhatsApp, com o nove “Op. Five Hundred”, cujos participantes eram policiais militares da Patamo, de batalhões operacionais e do Centro de Inteligência da PM.
Toninho foi algemado pelos PMs e torturado para que entregasse o entorpecente. Os servidores chegaram a registrar uma ocorrência na 20ª Delegacia de Polícia (Gama), mas apresentaram parte da apreensão. Dos 500 kg, somente 203,5 kg foram entregues. Eles não apresentaram nenhum preso.
A história foi contada pela filha de Antonio a uma tia, por telefone. Os números estavam grampeados, durante a investigação da Operação Torre de Babel. Sem conhecimento da apuração da Cecor, a mulher relatou a familiar que o pai tinha sido sequestrado e torturado pelos militares.