Após saber a identidade do pai, o diretor do Procon ligou no gabinete de Mussi e se apresentou. Queria saber se poderiam se encontrar, se o magistrado gostaria de conversar. “Contei a história, perguntei se ele se lembrava da minha mãe. Negou. Perguntei se tinha interesse em me conhecer ou fazer o exame de DNA, mas ele também não quis”.
Nunca pagou pensão
Tiago decidiu entrar na Justiça após o falecimento da avó materna. Na época, conta, Mussi era o presidente do Tribunal de Justiça de Santa Catarina. “Era ele quem designava o juiz. Com isso, meu processo ficou suspenso por dois anos para que uma testemunha nos Estados Unidos fosse ouvida. E ela nunca falou”, explica. “Duvido que se ele não fosse o presidente do tribunal isso teria ocorrido”, denuncia.
Em 2018, Tiago venceu a ação. No entanto, a relação entre os dois não mudou. De acordo com o ex-vereador, o pai nunca o procurou ou pagou pensão, nem assumiu qualquer outra despesa referente à criação dele ou da gravidez da mãe.
“Meu pai frequenta as grandes rodas em Brasília e se envergonha de ter tido um relacionamento com a empregada doméstica”, lamenta.
ARQUIVO PESSOAL
Agora, com 37 anos, Tiago não alimenta mais o sonho de um dia criar uma relação com o pai. Entretanto, espera que, como magistrado, ele faça o seu próprio julgamento: “Eu sempre digo que o telefone um dia pode tocar. Mas não tocou”. Para o ex-vereador, o fato de Mussi ser uma figura pública não muda em nada a busca dele pela paternidade. “Eu exalto os Silvas de todo Brasil. Inclusive não uso o Mussi”.
Neste mês, Mussi foi escolhido vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Tiago relata que, apesar de ter a paternidade assegurada, ele não foi convidado para a cerimônia. Veja o post onde ele relata o fato, escrito no Dia das Mães:
Homenagem à mãe
No último domingo (10/05), o ex-vereador fez um relato emocionado em que homenageia a mãe, conta sua história e diz não ter sido convidado para a nomeação do pai no STJ.
“Me tornei, nos documentos, Tiago Silva Mussi. Porém, muitas pessoas que acompanharam essa luta me questionam porque não assino usando o Mussi. Me sinto mais confortável sendo um Silva. Somos um país construído por Silvas. Muitos, inclusive, sem pai, mas a maioria honesto e ético”, escreveu.
Ministro do STJ
Nascido em Florianópolis, Jorge Mussi foi nomeado ao STJ pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2007. Antes disso, foi membro da Corte Especial, do Conselho de Administração e da Comissão de Documentação. Formou-se em direito pela Universidade Federal de Santa Catarina.
A reportagem entrou em contato com a equipe do ministro em busca de um posicionamento dele sobre o caso. Entretanto, até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta. O espaço continua aberto.