Após um ano afastado, Júnior Cigano retorna ao octógono hoje
Lutador não terá pela primeira vez no corner seu mestre Luiz Dórea, que o iniciou no boxe e a quem considera como um pai
Junior ‘Cigano’ dos Santos está de volta. Após um ano se recuperando de cirurgias no nariz e no joelho, ele retorna ao octógono hoje, em Orlando, nos EUA, diante do holandês Alistair Overeem, no UFC Fight Night. A luta principal da noite será a defesa de cinturão dos leves do brasileiro Rafael dos Anjos contra o americano Donald Cerrone.
Desta vez, Cigano resolveu se mudar para os EUA e treinou na academia American Top Team (ATT). Assim, não terá pela primeira vez no corner seu mestre Luiz Dórea, que o iniciou no boxe e a quem considera como um pai. Por e-mail, o catarinense falou sobre sua vida nos EUA, adversários e planos de retomar o cinturão dos pesados:
Por que você se mudou para os Estados Unidos? O que tem aprendido na ATT?
Minha intenção foi buscar mais parceiros pesos-pesados, uma estrutura mais preparada para as necessidades de um atleta e, claro, aprender mais vivendo uma nova experiência com meus treinos. Um dos maiores ganhos tem sido com meus treinamentos de wrestling que tenho feito com Steve Mocco, que foi um excelente atleta e é um excelente treinador. Além disso, também tenho trabalhado muitos chutes com Katel Kubis.
O que você mais sente falta do Brasil e de Salvador?
Ah, isso é complicado. Estar longe de casa e de todos que sempre estiveram com você é difícil. Minha base nos últimos 12 anos foi em Salvador, onde o Cigano nasceu e onde treinei para me tornar campeão do mundo. Então, tenho um carinho e respeito enorme por essa terra e sinto, sim, muita falta. Eu amo o Brasil e me sinto honrado em defender nossa bandeira pelo mundo, mesmo com toda essa situação política deplorável que estamos vivendo. Luto e represento os brasileiros que são justos e trabalham honradamente em busca de um futuro melhor. Essas pessoas, assim como eu, têm sonhos que estão sendo roubados por mentirosos e falsos que se escondem atrás da impunidade.
Como foi o período de recuperação das cirurgias?
Nunca fiquei tanto tempo parado assim e posso dizer que foi muito difícil. Minha recuperação, graças a Deus, foi ótima e estou treinando muito bem sem sentir nada fisicamente fora do normal. Sou muito grato ao meu fisioterapeuta, Arivan Gomes, que esteve comigo nesse período todo. Esses últimos dois anos fo ram difíceis. Tive algumas lesões que me tiraram de lutas e, quando lutei, foi só porque eu realmente precisava, pois estava de novo lesionado. Tanto que depois da luta (contra Stipe Miocic, há um ano) tive que logo fazer a cirurgia.
Luiz Dórea, seu mestre e que te iniciou no boxe, não estará no seu corner na luta. Como está a relação com ele?
Minha relação com o professor Dórea é ótima e sempre será. Quem mais tem sido afetado por estar distante dele sou eu. Essa será a primeira vez desde meu início no UFC que ele não estará comigo. Apesar de ser uma situação difícil para nós, o professor Dórea entendeu o momento que estou vivendo e me deu seu apoio. Ele é como um segundo pai pra mim, sempre esteve do meu lado.
Como você vê o Overeem como lutador?
É um ótimo lutador, bastante perigoso e experiente. Só tem um problema: ele fala muita bobagem e quase tudo o que fala não faz sentido, pois quem normalmente faz coisas erradas, ocasionando o cancelamento de lutas, é o próprio. Assim aconteceu quando deveríamos ter lutado e ele falhou no teste antidoping. Essa é uma luta que sinto que os fãs de MMA querem ver. E se eles querem ver, é essa luta que quero dar a eles.
Você já venceu Werdum, atual campeão. Acha que uma nova vitória agora te dará uma outra chance pelo cinturão? E se Werdum perder para Velasquez na revanche deles (no UFC 196, em fevereiro), enxerga uma quarta luta contra Velasquez?
Acredito sim que essa vitória sobre Overeem me trará uma nova disputa de cinturão independente de quem seja o campeão. Eu realmente estou curioso para ver essa luta entre eles. Seja como for, estou pronto para ser o número 1.