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29 November 2024
Foto: Ilustração

Assalto a ônibus ajuda a financiar tráfico: “Celular novo vale 10 pedras”

As ações pós-crimes têm como base a busca pelos receptadores de celulares e lojas de desmanche, que Nélis define como estabelecimentos de “ponta de esquina”, rondas nas regiões onde há maior incidência e o rastreamento dos aparelhos roubados. “A intenção é a de enfraquecer o mercado”, explica.

Mercado esse que também é movimentado por parte da sociedade civil, já que são vários os que se valem dos preços reduzidos destes “produtos” para adquirir aparelhos de procedência desconhecida ou duvidosa. “São pessoas que não têm ligação direta com o crime, mas que alimentam ele”.

Mas esses números são fruto de uma redução real ou apenas baseados na subnotificação? Para Nélis, essa justificativa não condiz com a realidade, não só porque o GERRC já é bastante difundido na sociedade, como porque as empresas de ônibus são obrigadas a registrar os crimes. “A difusão da informação é ampla. As pessoas já sabem da existência da especializada e a quem recorrer. Além disso, a própria empresa precisa da ocorrência, mesmo que não tenha nada subtraído. Pra se garantir juridicamente, por exemplo, em caso de cobrança do usuário do transporte, eles precisam do BO”.

A explicação é confirmada pelo diretor de comunicação do sindicato dos Rodoviários, Daniel Mota. Segundo ele, toda vez que um ônibus é assaltado em Salvador, cabe à empresa justificar o que aconteceu. “Somos obrigados a notificar, porque os assaltos fazem com o que os rodoviários sejam obrigados a ‘queimar’ a viagem e você precisa explicar a prefeitura as razões que fizeram com que a viagem não fosse completada”.

Convivendo diariamente com motoristas e cobradores, ele afirma que tem notado uma redução no número de assaltos, mas diz que é impossível afirmar se a redução é a apontada pela SSP-BA. “Acho que houve uma leve queda. Há pouco tempo, era comum chegar a mim relatos de sete, oito assaltos por dia. Hoje, esse número diminuiu”.

Por Simões Filho Online