Bahia atinge 2º lugar em incêndios rurais
Com 31 focos, Barra (673 km a oeste de Salvador) atingiu nesta quarta-feira, 21, o topo no ranking em incidência de incêndios florestais entre os municípios baianos.
O registro foi feito pelo satélite de referência do Programa de Monitoramento de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que colocou o município em 5º lugar no Brasil.
Também no oeste do estado, Morpará registrou 24 focos e Correntina, 23 incêndios detectados, passando a ocupar nesta quarta o 9º e o 10º lugares, respectivamente, entre os municípios brasileiros (com 64 focos, Pacajá – PA) era o primeiro da lista, seguido de Paranã – TO, com 53 focos).
Atraso
A estação chuvosa no oeste baiano, que em anos considerados normais começa no início de outubro, ainda não começou. A expectativa é de que só começe a chegar com força no começo de novembro, de acordo com o meteorologista do Inema, Aldírio Lima de Almeida. E por causa do fenômeno El Niño a temporada de chuvas deverá ter menor intensidade e regularidade.
Almeida diz que a previsão da chegada de uma frente fria no Sudeste do País para a próxima semana não deve influenciar no clima no oeste e semiárido porque será fraca e não conseguirá se impor sobre a massa de ar quente e seco que favorece as queimadas.
Para o coordenador do PrevFogo/Ibama na Bahia, Denilson Oliveira, a baixa umidade relativa do ar e a temperatura de 40° C, somados aos fortes ventos e à grande quantidade de biomassa seca, formam as condições ideais para que as queimadas se alastrem com rapidez, exigindo ações rápidas no combate.
Outras áreas
Além de Barra, Morpará e Correntina, os municípios de São Desidério, Santa Rita de Cássia e Formosa do Rio Preto estão entre os que mais registram incêndios florestais, que devastam pastagens, plantações e a mata nativa. Cotegipe, Pilão Arcado, Santa Maria da Vitória e Bom Jesus da Lapa também estão entre os dez primeiros. Barreiras, com 11 focos, ocupava nesta quarta o 11º lugar na Bahia.
No quadro nacional, o estado do Pará somava nesta quarta 481 focos enquanto que a Bahia estava em segundo lugar, com 312 focos de incêndios florestais.
Chapada
Conforme o sub-coordenador da Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec), Paulo Sérgio Luz, novos incêndios estão aparecendo nos últimos dias na região da Chapada Diamantina. O fogo já havia sido contido significativamente em setembro.
Mucugê, Andaraí, Ituaçu, Morro do Chapéu e Novo Horizonte estão entre os municípios em que as brigadas voluntárias do PrevFogo e Corpo de Bombeiros estão retornando para combater as queimadas descontroladas e evitar que o fogo se espalhe ainda mais.
Até esta quarta, a Bahia contabilizava 143 municípios em situação de emergência decretada pelo governador por causa da estiagem. Já devido aos incêndios, são 51 municípios em situação de emergência no estado, segundo dados da Sudec.
Ação preventiva é intensificada
Com o agravamento da situação no oeste baiano, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado (Sema), por meio da Operação Bahia Sem Fogo, intensificou a fiscalização contra queimadas ilegais e atividades que produzam risco potencial de gerar novos focos.
Na Chapada Diamantina, onde novos focos voltam a preocupar, houve 250 inspeções técnicas com apreensão de equipamentos, embargos, advertências e multas.
A ação busca o cumprimento do decreto assinado pelo governador Rui Costa no dia 1º determinando a suspensão, por 90 dias, de atividades que possam propagar incêndios florestais, em 51 municípios situados nestas regiões.
Logística
Dois aviões-tanque, helicóptero e veículos com tração nas quatro rodas, são usados na operação Bahia sem Fogo nas áreas mais afetadas, como Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Correntina, Formosa do Rio Preto, Mansidão, Morpará, Oliveira dos Brejinhos, Riachão das Neves, Santa Rita de Cássia e Xique Xique.
Foram controladas queimadas em Brotas de Macaúbas e Morro do Chapéu, na Chapada; Barra e Formosa do Rio Preto, no oeste.
“A baixa umidade do ar e o clima seco aumentam os riscos. Atuamos com outros órgãos e instituições desde o primeiro semestre do ano, principalmente nas áreas de maior incidência de focos, que acabam se propagando devido aos ventos fortes, vegetação seca e o período de estiagem”, ressalta a técnica de Fiscalização Preventiva do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), Fabíola Cotrim.
Ela destacou ainda o uso de imagens de satélite para o monitoramento dos pontos de calor. “Contamos com informações georreferenciadas das áreas com maiores ocorrências focos de calor, que podem originar incêndios, favorecendo a prevenção”.
O trabalho na Bahia envolve mais de 150 brigadistas voluntários, bombeiros militares, técnicos do Inema e brigadistas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) e prefeituras municipais.
A Tarde