Bahia tem 172 cidades entre as menos desenvolvidas
Em 2011, a Bahia tinha 172 municípios que ainda apresentavam patamares de desenvolvimento incompatíveis com o século XXI, de acordo com dados do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM).
As cidades estão entre as 500 piores do país, de acordo com o indicador da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), que mede o desempenho nas áreas de educação, saúde e emprego e renda.
Apesar de os índices terem permanecido majoritariamente negativos, em 311 municípios, que representam 74,6% do total do estado, o IFDM melhorou.
Na saúde, a Bahia tem um município com nível alto, Salinas das Margaridas, e outros quatro em emprego e renda: Camaçari, Luís Eduardo Magalhães, Lauro de Freitas e Simões Filho.
"Houve uma melhora, que não foi suficiente para alterar a realidade", afirma o especialista em desenvolvimento econômico da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Jonathas Goulart.
Por outro lado, diz ele que entre os piores, a Bahia domina. "É um número muito expressivo, ainda que se argumente a quantidade de municípios que o estado tem", diz Goulart.
De acordo com o pesquisador, as cidades precisariam de 13 anos para alcançar os patamares das que atualmente se encontram no topo.
"Esses municípios ainda não entraram no século XXI. Eles precisariam que os melhores ficassem congelados, sem se desenvolver por 13 anos para alcançar. Eles ainda têm padrões de desenvolvimento observados 13 anos atrás", destaca.
Em posição de destaque no ranking negativo, despontam os municípios de Caatiba e Novo Triunfo, respectivamente as 5.509ª e 5.510ª colocadas entre as 5.512 posições possíveis. Piores que os dois no Brasil, só Atalaia do Norte, no Amazonas, e Santa Rosa do Purus, no Acre.
Na parte de cima da tabela, que abriga as 500 mais desenvolvidas nenhuma cidade baiana. É lá onde se encontra o grupo de 332 consideradas altamente desenvolvidas e dominado pelas regiões Sul e Sudeste do país.
As notas variam de 0 a 1, divididas em quatro grupos – de baixo desenvolvimento (0,0 a 0,4), regular (0,4 a 0,6), moderado (0,6 a 0,8) e os altos (0,8 a 1,0).
Falta de recursos
Para o consultor de gestão pública Antônio Pimentel, o grande problema na Bahia é a distribuição desproporcional dos recursos.
"A gente tem uma distribuição do ICMS muito concentrada na Região Metropolitana", explica, lembrando que cinco cidades concentram quase 50% dos recursos.
Segundo ele, é muito difícil pensar em desenvolver as cidades menores sem redistribuir o "bolo tributário".
Investir em saúde, educação e preparar mão de obra custam caro, diz. "Se o município tem pouco dinheiro, reflete. Como manter uma boa escola, um serviço de saúde que atenda bem à população sem dinheiro? Infelizmente, é uma questão de recursos mesmo. Ou modifica, ou vamos continuar com a concentração", afirma.
Para Pimentel, é necessário mudar o critério de distribuição do ICMS entre os municípios. Ele defende um modelo baseado na quantidade de habitantes. "É mais justo que os municípios que precisam atender um número maior de pessoas recebam a mais por isso. A legislação hoje é muito concentradora. Se fossem adotados pelo menos 50% a partir da população, já melhorava", acredita.